Cap. 3 – Sem Comentários


                       Elizabeth



Depois de uma boa noite de descanso, meu estomago desejava um bom café da manha. Acordei era mais ou menos nove e meia. Estava cansada da noite passada e meu corpo ainda desejava ficar na cama, mas precisava comer. Então fui vencida pela fome e levantei disposta a comer alguma coisa já que minha querida amiga barriga estava roncando varias vezes.
Tomei um banho, me vesti e desci para comer algo. A mesa ainda estava cheia de coisas do café da manhã, culpa minha e do pessoal por acordar tarde e chegar tarde. Achei que fosse a única que acordará tarde, mas vi Bill na sacada tomando um café e Jane vindo em sua direção na ponta do pé. Ela colocou o dedo em seus lábios fazendo sinal de silêncio, eu apenas segurei oi riso quando a vi dar um susto em Bill.

– Lizzie! – ele me olhava com um olhar acusador. – Por que não me falou que ela estava atrás de mim pronta para me dar um susto?
– Porque somos irmãs?! – cai na risada junto com Jane.
Jane ria e rodopiava por ter dado um susto em Bill.
Quem diria que o rapaz que Jane tinha raiva, iria estar desta forma com ela? Ele apenas falou algumas coisas como “sua chata” e “pirralha impertinente”. Ficamos um bom tempo ali conversando até chegar perto da hora do almoço, já que tínhamos acordado tarde então aproveitamos e ficamos lá na varanda. Depois subi e fui colocar um vestido bem leve, pois o dia estava bem quente. Coloquei um dos meus favoritos. Ele era de cor lilás, com algumas pregas que vinha até o joelho.
Quando todos tinham acabado de comer fomos escutar um pouco de musica no rádio. Eles já estavam combinando o que fazer quando a campainha tocou. Fui até a porta por estar mais próxima e a abri.
E advinha quem era? O cabeção do Tuner e seu fiel primo Sebastian. Não que eu me incomodasse pela presença de Sebastian, mas sim a de Tuner. Ele simplesmente é a pedra no meu sapato.
Revirei os olhos e convidei-os a entrar. Tuner, o folgado, já foi sentando na poltrona onde eu estava sentada sem se quer eu ter perguntado se queria sentar. Sebastian percebeu meu mau humor e riu baixo, baixo o bastante para eu poder escutar. O olhei indignada.
– O que tanto rir seu chatolino? – uni minhas sobrancelhas e cruzei os braços.
– Nada! Só da sua cara de apreciação pelo Tuner.
Bufei e isso só o fez rir mais. Peguei duas cadeiras, uma para mim e a outra pra ele sentar. Quando sentei todos já estavam falando em jogar bola ou ir para o clube tomar banho de piscina. Depois de discutirem o que iriam fazer, resolveram ir jogar bola e ir dar uma volta no lago.
Enquanto caminhávamos para a campina que meu tio fazia o favor de lembrar com grande felicidade por ser a maior de sua cidade, Sebastian não se distanciava nem um pouco de mim. Sempre ao meu lado me fazendo mil perguntas sobre minha vida. Algumas me deixaram sem saber o que exatamente falar.
– Então – um sorriso brincou em seu rosto. – nunca namorou nenhum garoto?
– Ham? – Ok! Essa me pegou de surpresa e fez minhas bochechas ficarem vermelhas. Ele gargalhou com a minha expressão.
– Não seja boba. Nunca namorou um cara? – ele me olhava com curiosidade, mas mesmo assim seu sorriso não desaparecia de seu rosto.
– Já namorei sim, pra sua informação senhor sabichão!
– Quantos?
Essa me pegou despercebida
– Pra que quer saber?
– Porque estou curioso?
– Ou porque seja um fofoqueiro? – rebati.
– Ou eu seja de um jornal e queira saber da vida dos outros? – com essa eu não agüentei e cai na risada.
– Que foi? – ele tentava ficar serio, mas não conseguia.
– Nada. Já que o senhor “relatório, por favor,” quer saber, eu namorei dois garotos nessa minha pequena vidinha.
– Serio? Só dois? Achei que tinha namorado mais. – cai novamente na risada.
– HAHA! Jamé, querido! Não sou tão bonita assim. Sou desajeitada e nunca fui popular na minha escola.
Ele me olhou como se não acreditasse em minhas palavras. Seus olhos estavam curiosos e eu sabia que as perguntas não iriam parar por ai.
Eu gostava desse seu jeito extrovertido, totalmente diferente de todos os garotos idiotas que eu conheci em minha pequena e particular vida.
– Você é bonita, Lizzie! Tem que se olhar melhor no espelho. – ele sorri.
– Por que não namorou mais garotos?
– Bom, por que todos têm as personalidades parecidas. Já os que eu namorei eram um pouco diferentes. Não totalmente, continuavam moleques como se nunca tivessem saído debaixo da sai da mãe. Eram apenas criancinhas que não pensavam e que viam o mundo como um doce que seus pais poderiam comprar.
Ele começou a gargalhar bem alto. Eu olhei pros lados para ver se ninguém estava olhando nós dois.
– O que? – o olhei indignada.
– Nada! Você é só exagerada nas palavras.
– Eu não sou exagerada.
– E se chateia rápido. – uni minhas sobrancelhas e fechei a cara.
Comecei a andar na frente dele e aumentei os passos para que ele não me alcançasse. Ele chegou facilmente ao meu lado e sorrio baixo. Cruzei os braços e continuei andando sem olhar para ele.
– Que eu fiz?
– Nada. – continuei andando sem olhá-lo.
– Hum, sei! Então por que ta dessa forma?
– De que forma? – ele segurou minha mão e me fez parar. Senti seus olhos em mim, mas olhei para o lado querendo que ele apenas me deixasse em paz.
– Dessa. Falei alguma besteira?
– Não.
– Verdade? – sua voz estava presunçosa. Apenas afirmei com a minha cabeça. Ele bufou e voltou a rir. – Você é uma péssima mentirosa.
– Grande observação. – bati meu pé impaciente.
– Hey! Eu apenas estava fazendo uma pergunta besta. Olha pra mim!
– Vamos antes que os outros comecem a gritar por nós.
Ele apenas segurou meu rosto em suas mãos e me fez olha-lo nos olhos. O toque de sua mão quente em minha pele fez minhas bochechas ficarem vermelhas e meu coração bater acelerado.
– Não queria te deixar chateada. – seus olhos eram carinhosos e se afundavam em um azul claro como o mar.
– Já passou. Besteira minha ter ficado assim. – falei depois de alguns segundos sem conseguir me concentrar no que ia dizer.
– Que bom. – ele sorrio. – Não queria que ficasse chateada, se bem que fica linda com raiva. – revirei os olhos. Ele afagou meu rosto, seu toque era tão gentil e toda vez sentia uma estranha sensação de segurança ao seu lado.              
Fomos ao encontro dos outros que já estavam arrumando o lugar onde iam jogar. Passamos uma boa parte da tarde conversando e jogando. Perdi varias vezes nas cartas, mas no vôlei poderia dizer que fui muito bem. Ficamos em frente ao lago, alguns conversando, outros ainda discutindo a ultima jogada e eu estava deitada na grama um pouco longe dos outros.
Ouvi passos virem na minha direção.
– Olá dona dorminhoca!
– Olá cara chato!
– Eu sei que você me ama.
– E eu sei que você não resisti a minha beleza!
– Você venceu. Eu não resisto mesmo. – ele sorrio de lado. Revirei os olhos e bufei.
– Parece que alguém aqui é da família do Tuner mesmo. – ele gargalhou alto como se eu tivesse contato alguma piada.
– Só estou dizendo a verdade. Você é linda Liz. Você que não enxerga o quanto é bonita.
– Vamos parar por aqui ta bom? O problema é seu se me acha bonita e o problema é meu se me acho feia. – ele concordou com a cabeça e sentou do meu lado. Passamos alguns minutos calados até que ele interrompeu o momento feliz de minha vida.
– Quer da uma volta amanhã comigo?
– Como?
– Uma volta.
– Hum...não sei.
– Tem alguma coisa pra fazer amanhã?
– Na verdade não, mas... – ele me interrompeu antes de terminar.
– Então amanhã eu passo na casa do seu tio as duas e meia da tarde pra te pegar, ok?
– Mas eu não disse sim.
– As duas e meia não esqueça.
Ele saio antes de eu poder falar alguma coisa. O vi chegar onde os outros estavam conversando, respirei fundo tentando entender tudo aquilo e me levantei e fui me juntar a eles. Sinceramente Sebastian é algum cara que saio do sanatório e que ainda não se curou por completo. Pra que ele quer sair comigo? E por que logo eu?
Ele não tem outra coisa pra fazer além de ficar no meu pé?
         Ok, aquilo estava se tornando estranho! Ele simplesmente me deixa confusa e sem ter noção do que falar, principalmente quando ele chega perto de mim e meu corpo se sente aquecido como se tivesse em casa.
E quando eu o toquei com minha mão a senti formigar, quando eu olho em seus olhos eu não consigo raciocinar direito. A idéia de ficarmos a sós já estava me perturbando. Já fazia um bom tempo que não saia com um garoto a sós, eu estava tão ligada no que iria fazer na faculdade que o assunto garoto não me entrava na cabeça agora. Eu tinha coisas mais importantes do que ficar conversando com um bando de macacos primatas.   Ele é bem diferente dos garotos que eu conheci e também muito imprevisível. Eu posso esperar qualquer coisa, além dele ter uma beleza incomum. Ele tinha um porte forte, seus cabelos eram de um loiro escuro com algumas rajadas de loiro mel por cima, era curto e caia perfeitamente em camadas, seu rosto prendia atenção de qualquer pessoa e eu já tinha notado isso. E às vezes ele me assustava por saber quando ia chover ou fazer sol, mas era divertido porque eu sempre brincava com sua cara o chamando de vidente e ele ficava com raivinha.
Passamos mais um tempo ali conversando e depois cada um seguiu para sua casa. Jane não parava de tagarelar, principalmente sobre o Bill.
Subimos para nossos quartos para tomarmos um banho.
– Liz?
– Sim?
– Eu beijei o Bill!
– Como? – a olhei sem acreditar no que ouvia. Ela gargalhou.
– Sabe. Beijar. Meus lábios tocaram os dele e nossas línguas trocaram saliva. – fitei-a com um olhar de desaprovação.
– Eu sei!
– Então por que perguntou?
– Me conta quando foi isso?
– Lembra o dia em que estávamos passando por aquela ponte?
– Lembro.
– Então, aconteceu ali enquanto você se “distraia” com o Sebastian.Ele me puxou para de trás de uma árvore e falou que estava apaixonado por mim e daí nos beijamos. Em falar de Sebastian, o que ta rolando entre vocês?
– Não ta rolando nada pra sua informação.
– Sei! – ela ficou me analisando com aquele olhar de desconfiança, mas realmente não estava rolando nada. – Certeza?
– É serio Jane. Não ta havendo nada, mas se bem que ele é estranho e me convidou pra sair amanhã de tarde. – fiquei incomodada por falar aquilo, principalmente quando eu via um sorriso se formar nos lábios de Jane.
Isso foi o fim da picada para que Jane desse um pulo de felicidade e começasse a tagarelar insinuando que ele estava gostando de mim e blá blá blá.
– Ele me convidar pra sair não significa que ele esteja gostando de mim, Jane!
– Então significa o que? – revirei os olhos.
– Somos bons amigos. Será que é pecado bons amigos saírem juntos?
– Mas á sós? Que eu saiba amigos saem junto com outros amigos.
– Não vejo problemas em sair sozinha com ele e você pare de inventar coisas na sua cabecinha. Vai tomar banho que eu quero tomar o meu. – joguei uma almofada nela tentando acertar o seu rosto, mas ela segurou.
– Você é chata.
Nós duas demos algumas gargalhadas e ela foi tomar seu banho pra alegria do meu cérebro que já estava torrando por causa das suas loucuras sem pé e sem cabeça. Peguei meu livro favorito e folhei algumas folhas.       Jane terminou o seu banho e eu fui tomar o meu. Vestimo-nos e fomos jantar com os outros que já estavam à mesa nos esperando. Aquela noite foi como qualquer outra, chata!
Sempre as mesmas conversas. Trabalho, jogos, festas, quem estava chegando à cidade e mais um monte de baboseiras. Jane e Bill foram para o jardim e realmente eu estava feliz em vê-la alegre. Fiquei na varanda conversando com o Lucas enquanto esperávamos chegar a hora de ir dormir, se bem que eu não estava com um pingo de sono.
Os minutos passavam se arrastando como se quisessem me pregar uma peça. Pra piorar eu não parava de pensar no Sebastian.
Aquilo já estava ficando totalmente fora de controle. Por que ele não arranjava outra coisa pra fazer além de me perturbar a cabeça? Assim ele poderia dar um tempo de me perturbar. Eu até admito que ele é de cativar e te fazer sorrir além de ser bonito e rico.
Tudo bem eu admito,ele é o cara. Ok, que tal eu não admitir? Ele não é o cara, apenas é um convencido que pode ser convencido. Argh!
– Você esta bem?
– Ham?
– Você parece estranha.
– Eu estou me sentindo estranha.
– Ta doente?
– Não, é só apenas eu pensando comigo mesma.
– Eu posso saber o que tanto pensa?
– Besteira Lucas! Besteiras.
Tentei desviar o assunto para os estudos dele, o que funcionou.
Lucas era um menino dedicado aos estudos. Até nas férias ele ficava estudando. Várias vezes eu e Jane o pegávamos estudando na biblioteca de nosso tio e isso agonizava os miolos de Jane. Mas ele sempre encontrava um jeito de escapar de nossos olhos e ir pra algum canto difícil de achar.
Depois de um tempo Jane e Bill voltaram de seu passeio as escondidas e subimos para dormir, como se eu conseguisse dormir com meus pensamentos me atormentando. Jane não parava de tagarelar sobre ela e o Bill. Seus olhos brilhavam de alegria e suas palavras eram gentis.
Conversamos mais um pouco e fomos dormir. Meu sono estava tranqüilo, sem sonhos horripilantes ou alegres, apenas um vazio na minha mente até que comecei a escutar um barulho como se estivessem batendo em algo. Acordei com o barulhinho chato e Jane acordou quando liguei o abajur.
– O que foi? – ela falou com a voz um pouco roca e os olhos entreabertos.
– Esta escutando esse barulho? – sussurrei.
– Que barulho? – uma coisa bateu na janela na mesma hora em que ela perguntou. Levantamos-nos e fomos ver o que era.
Levei um susto quando vi que era Sebastian jogando pedrinhas na janela do nosso quarto. Abri a janela com cuidado para não fazer barulho.
– O que você ta fazendo aqui?
– Eu não estava com sono ai então pensei em vir te chamar para dar uma volta comigo.
– Você ta louco? São uma e meia da madrugada e você me acorda do nada para dar um passeio? Você realmente tem problemas Sebastian.
– Então, vai vir ou não? Ou vai ficar ai discutindo enquanto poderia estar se arrumando e vindo logo aqui pra baixo para darmos uma volta? – um sorriso se formava no canto de seus lábios.
Revirei os olhos. Ele deve ter transtornos.
Bufei.
– E quem disse que eu quero dar uma volta com você?
Seu sorriso desapareceu e ele ficou sério.
– Ou você vem por vontade própria ou eu vou até ai em cima e te trago a força.
– Céus! Como você é idiota.
– Então? Vai vim?
– Já estou descendo, apenas me dê um minuto pra trocar de roupa.
Jane segurou o riso.
– Bom, parece que ele gosta bastante de você né Lizzie? – a fitei com um olhar mortal.
         – Nem me adianta olhar assim. As evidências estão claras.
– Você é uma pirralha impertinente sabia?
– Você não deveria estar se vestindo?
Respirei fundo para não deixar minha raiva fluir e coloquei um vestido curto já que iríamos caminhar.
Desci devagar as escadas tentando não fazer barulho. Jane me ajudou, fechou a porta e me deu uma cópia. Ele estava escorado em uma árvore me olhando com um sorriso triunfante.
– Lindo vestido!
– Não enche! Você é louco sabia? Deveria está em um hospício.
– Na verdade já me expulsaram de três hospícios, então, não adianta me mandar pra lá de novo. – ele falou sarcasticamente.
– Então deveriam te mandar para um hospício de segurança máxima. – segurei o riso.
– Poderia ser, mas que tal agora apenas darmos uma volta? Quero te levar em um lugar. – seus olhos não desviavam dos meus e eu não conseguia me concentrar direito.
– Pra onde você vai me levar?
– Segredo.
– Não posso sair com um estranho no meio da noite e ainda ser levada em um lugar que nem sei onde fica. E se você for um seqüestrador? – cruzei os braços e finquei meus pés na terra sem me mexer, ele apenas sorriu.
– Eu não sou um estranho e não sou um seqüestrador. Prometo trazê-la antes dos seus pais acordarem.
– Hummmm... – o olhei com os olhos semicerrados. – Tudo bem. Vou lhe dar esse voto de confiança.
– Obrigado my ladie. – ele se curvou como um cavalheiro da corte. Eu não agüentei e caí na risada.
– Então, está preparada? – ele estendeu a mão para mim e eu a peguei sem hesitar sentindo a estranha energia que toda vez tocava sua mão e me aquecia o coração.
– Estou.
Ele me guiou para um cavalo que estava há uns passos de onde estávamos. Ele era lindo, de um branco impecável como se tivesse saído de um sonho. Sebastian subiu no cavalo e me ajudou a subir nele também.
Segurei firme em sua cintura com medo do louco me derrubar.
Enquanto cavalgávamos, vi que estávamos entrando na floresta densa. Cada vez que entravamos na floresta, mais altas eram as árvores e seus troncos eram mais gordos assim por dizer. Comecei a achar que ele realmente estava tentando me raptar. Parecia uma idéia tola, mas poderia considerar que ele estava me levando para um lugar que eu não sabia onde ficava e ele apenas me tinha dado sua palavra. OK eu estou parecendo uma paranóica pensando essas besteiras.
Atravessamos uma ponte um pouco longa e avistei algumas casinhas simples, provavelmente de trabalhadores de classe media ou baixa.
Andamos mais um pouco dentre a floresta até que vi um lago e o cavalo foi parando aos poucos. Sebastian me ajudou a descer como um belo cavalheiro. Olhei em volta e vi varias rosas pelo campo, tulipas e mais algumas que eu não conhecia. A grama era baixa e havia um lago em frente a isso tudo. A luz da lua refletia no denso lago fazendo tudo ficar luminoso.
Era uma visão linda de saborear qualquer gosto de pessoas. O cheirinho de chuva significava que a grama ainda estava um pouco molhada.
– Choveu por aqui.
Ele sorriu.
– Sim.
Vi mais a frente que tinha uma toalha estendida com uma sesta de comida. Sorri de lado tentando esconder minha vontade de ri. Olhei para Sebastian com olhar acusador.
– Você já tinha tramado isto em sua mente não é?
– Culpado! – ele levantou as mãos e riu.
– Por que não deixou isso para amanhã?
– Porque eu sou um louco sem juízo.
Cruzei os braços.
– Tudo bem. Eu apenas gosto de coisas espontâneas.
– Percebe-se.
– Esse é um dos meus lugares favoritos desta terra. – ele segurou minha mão e me levou até onde estava estendida a toalha e nos sentamos ali.
– Peguei alguma comida para acaso ficarmos com fome.
– Você realmente confundi minha cabeça. – falei num sussurro e olhei para o lago que estava em minha frente.
– Como?
– Nada. Apenas pensando alto.
– Eu te confundo?
– Merda! Você me escutou. – choraminguei baixinho.
– Como não escutar. Só têm eu e você aqui.
Fiquei olhando o chão esperando que a vergonha passasse.
Ficamos um tempo calados. Aquele lugar realmente era lindo e me fez pensar seriamente no que Jane tinha falado. Será que ele estava gostando de mim? Isso não tem nada haver. É coisa da minha cabeça, eu devo estar ficando doida em ouvir uma pirralha que adora me importunar.         Até que sinceramente eu gostaria de ter um cara lindo e legal como ele gostando de mim. Mas o que eu estou pensando? Senti uma mão passando por minha cintura e levei um susto.
– Hey! Assedio da cadeia sabia?
Ele sorriu e me puxou para o lado dele.
– Não estou te assediando. Olha ali. – ele apontou para o meio do lago onde havia cinco cisnes que haviam acabado de pousar no lago.
– Lindos!
– Não mais que você. – isso me fez o olhar.
Ele me encarava e não distanciava os olhos dos meus. Meu coração começou a acelerar. Seus dedos tocaram minha bochecha delicadamente, fazendo meu rosto ficar quente ao senti-lo. Engoli a seco duas vezes e desviei os olhos para a cesta de comida que estava ao meu lado.
– Que tal comermos? Estou com fome.
– Mas já?
– Sim.
– Por isso é gorda.
– Como? – falei com a voz um pouco exaltada.
– G-O-R-D-A!
O fitei com um olhar nada amigável.
– Corra antes que eu te mate, cara de ovo.
– Uiiii! Medo.
Levantei-me e sai correndo atrás dele. Joguei uma maçã que acertei bem longe por sinal. Até que peguei uma das garrafinhas de água e joguei nele. Ele me olhou indignado por eu o ter molhado e saiu correndo atrás de mim com outra garrafa para me molhar.     
Até que ele me alcançou e me derrubou onde caímos e rolamos até perto da borda do lago. Ficamos ali rindo e ajustando nossas respirações.
– Ainda me vingo por ter me molhado.
– Você não teria coragem.
– Sim eu teria.
Ele se levantou e me ajudou a sair daquele estado– meia –mulamba - por estar deitada no chão. Assim que levantei quase levava um tombo onde cai nos braços de Sebastian, deixando nossos rostos há poucos centímetros um do outro. Eu podia sentir sua respiração tocar em meu rosto e seu cheiro era tão delicioso. Senti suas mãos tocarem meu pescoço.
– Você tem olhos lindos. – sussurrou ele.
Mordi meu lábio inferior. A ânsia de beijá-lo estava corroendo minha garganta. Olhei seus lábios de perfeito formato.
– Que me matem se eu não te levar para casa.
– Por quê? – sussurrei.
– Porque não quero levá-la.
Revirei os olhos.
– Eu sabia que você era um seqüestrador.
Ele gargalhou e brincou com uma mecha do meu cabelo que fez meu coração bater mais forte do que o normal.
– Não sua boba. Apenas gosto da sua companhia.
Ele entrelaçou nossas mãos e ali ficou olhando para elas.
Eu sei, eu deveria impedi-lo, mas aquilo era tão aconchegante e parecia tão certo e tão errado ao mesmo tempo. Era bom sentir o calor de sua mão, seu cheiro tão doce como as flores misturadas com um toque de madeira.  É como se tudo aquilo tivesse que acontecer. Não apenas por saber que ele é lindo e tudo mais, simplesmente como se nossos caminhos tivessem que se cruzar para alguma fatalidade da vida.
Não estou sendo pessimista, mas a maioria dos casos de amor de férias nunca continua pra frente é apenas ali e agora e depois acaba tudo.
Não estou dizendo que agente vá ter um caso amoroso, apenas estou comentando a realidade dos casos de amores de férias. Se bem que com ele poderia acontecer. O que você esta dizendo Elizabeth? Eu devo estar pirando ou alguma coisa assim.
Ele colocou a outra mão em cima da minha e começou a acariciá-la.
Eu apenas sorri aproveitando o bastante daquele momento. Queria saber exatamente o que ele estava pensando e perguntar o porquê daquilo tudo, mas o que eu apenas conseguir fazer foi suspirar. Acariciei sua mão também fazendo o caminho do seu pulso para seus dedos. Até que finalmente ele rompeu o longo silêncio que havia se instalado (por sinal, foi por um bom tempo) entre nós.
– Liz, eu... – vi que ele estava tentando escolher as palavras certas porque ficou alguns segundos calado.
– Sim?
– Eu...
Ele apenas colocou a mão em minha bochecha e acariciado ela chegou perto de meu ouvido e sussurrou.
– Acho que estou apaixonado por você.
Só precisou disso para que eu desmaiasse. Não desmaiar de desmaiar, mas desmaiar de...nem eu mesma sei explicar. Meu coração parecia que queria me pregar uma peça. Ele estava para sair pela boca e minhas mãos começaram a suar frio. Que diabos estava acontecendo comigo?
– Merda. Desculpe! Eu não...
Calei a boca dele com minha mão.
– Apenas me dê um segundo. Minha cabeça ta girando com o rumo que tomou isso.
Respirei fundo algumas vezes até digerir e ver que realmente ele não estava brincando. Olhei em seus olhos. Os olhos que me falavam para não se preocupar, os olhos que me faziam sentir em casa, aconchegante e confortável.
– Eu sei que você não sente o mesmo por mim, mas eu precisava falar.
– Quem disse que eu não sinto o mesmo por você? Virou vidente afinal?
Tentei ser engraçada, mas não funcionou.
– Então você... sente o ....mesmo por mim? – as palavras saíram em um sussurro.
– Não é exatamente isso.
– Ah! – um tom de desapontamento apareceu em sua voz  e isso me deu vontade de abraçá-lo.
–Então o que é? – ele levantou uma das sobrancelhas.
– Como eu posso explicar? – fiz uma careta.
– Você faz meu coração disparar feito um louco. Seu toque me faz me sentir quente e seu olhar me diz que estou em casa. Realmente não sei que esta acontecendo comigo.
Ele segurou minhas mãos e as beijou com delicadeza.
– Eu senti que seria você, desde a primeira vez que olhei em seus olhos.
O olhei confusa.
– Como saberia?
– Eu sei de coisas que você nunca entenderia Liz!
Mordi meu lábio inferior.
– Você me deixa confusa sabia?
– Deixo? – um sorriso levado se formava em seus lábios.
– Odeio admitir, mas deixa.
Isso só o fez aumentar seu sorriso.
– Bom saber disso.
Revirei os olhos. Como ele podia achar bom naquilo? Ele deixava meu coração feito um louco, eu poderia morrer de ataque cardíaca e ele não estava ligando pra isso?
Assim que virei meu rosto para olhá-lo nos olhos novamente, me surpreendi com seu rosto perto demais do meu. Isso fez minha respiração ficar forte. Ele colocou a mão em minha nuca, encostou a testa na minha e fechou os olhos. Isso me fez tremer nas bases.
– Eu esperei tanto por você.
Eu podia sentir seus lábios quase tocando os meus. Ele ficou assim por um tempo curto até que então senti seus lábios tocarem os meus e nossas bocas se encaixarem perfeitamente uma na outra.  Seu beijo era gentil e quente. Sua outra mão se enroscou em minha cintura e me puxando para perto de seu corpo. Eu não podia recuar se eu queria aquilo mais do que tudo. Enquanto nossos lábios se moviam eu não via o motivo de tanta luta minha por não ter querido Sebastian para mim.
Eu podia ver que eu estava apenas tentando afastar a verdade dos meus olhos. Eu estava totalmente apaixonada por ele só não queria admitir isso. Ele afastou os lábios dos meus, meio ofegante. Ele pigarreou e sorrio para mim que provavelmente estava com uma cara de mongol depois daquele beijo. Uou e que beijo.
Senti minhas bochechas ficarem vermelhas. Ele tocou seus lábios em minha bochecha e murmurou.
– E agora como ficamos? – sua voz estava brincalhona.
– Não sei. O que você sugere?
– Eu só sei que quero você e nada vai me impedir de ter isso.
Ele começou a me dar vários beijos.
– É melhor irmos com calma. O que os outros vão pensar?
– Danem-se os outros. – agora ele explorava o caminho da minha mandíbula para meu pescoço me fazendo arrepios.
– É tão fácil falar. – ele estava conseguindo me deixar desnorteada, não conseguia me concentrar com ele daquela forma.
– Ok! Apenas alguns dias e anunciamos que estamos namorando.
– Estamos o que? – minha voz se elevou um pouco.
– Namorando bobinha. – ele riu, voltou a explorar meu pescoço dando umas mordidinhas de leve e depois a me beijar carinhosamente, mas agora com um pouco mais de entusiasmo.
Como eu não podia me sentir feliz com tudo aquilo?



                       Jane


         Acordei com Lizzie chegando de cinco da manhã com a carinha bem feliz pra falar a verdade. Realmente? Ela estava feliz demais e eu sabia que isso se devia ao que eu e Sebastian combinamos. Eu sei ta legal? É feio esconder as coisas da irmã principalmente se ela é muito legal com você.    Mas poxa! Ele pediu pra não contar e ainda pediu minha ajuda. Foi tão fofo ele sem jeito dizendo pra mim que estava apaixonado pela minha irmã e que queria contar para ela naquela noite, que eu não poderia negar ajudá-lo. Nem venha me acusar por querer dar uma ajudinha a minha irmã a encontrar alguém principalmente alguém tão legal como o Sebastian. Às vezes até parece que ele não é desse mundo.
         Olhei morrendo de sono para Lizzie.
         – Então, como foi? – minha voz saiu roca.
         – Depois te conto. Preciso dormir.
         – Eu dou uma desculpa e digo que você esta um pouco indisposta e que descerá um pouco mais tarde.
         Ela revirou os olhos e começou a desembuchar tudo o que havia acontecido. Fiquei feliz em saber que o cara era totalmente anormal (isso significa que é claramente o mais louco pra minha irmã ajustadinha) e que fazia bem em se ajustar a família.
         – Mas ele me deixa louca Jane!
         – Melhor ainda minha amora! Mas que tal agente ir dormir agora? Você realmente precisa dormir, são cinco da manhã para sua informação queridinha!
         Ela se espreguiçou, tirou os sapatos e se deitou na cama suspirando, onde, com certeza não era por cansaço. Voltei a dormir, na verdade apenas tirei um cochilo porque de oito da manhã minha mãe estava batendo na porta de nosso quarto nos avisando que iríamos sair daqui à uma hora fazer uma visita a uns primos nossos. Ótimo! Genial! Pensei enquanto acordava                                                      Lizzie que para sua preocupação teria que usar uma boa maquiagem para tirar as olheiras. Enquanto ela revirava um pouco na cama fui tomar um banho ligeiramente e me vestir. Dei um grito – enquanto ela estava tomando banho – que estava descendo.
         Assim que sai do quarto Bill estava sentado no pé da escada me esperando. Meu coração deu um pulo e acelerou em apenas vê-lo. Daqui a pouco vou ter sérios problemas de coração por causa dele e ele terá de pagar todos os exames e médicos que eu for. Por que esse garoto idiota tem que me fazer sentir assim? Tão... mongol? É assim se sentir apaixonada?         Acho que sim, porque sempre me sinto assim perto dele e principalmente depois dos três beijos que rolou entre agente. Lógico que me sentir única quando ele me beijou, mas será que eu vou ficar assim sempre que ele tocar minha mão ou me beijar? Não que signifique que ele vá me beijar novamente já que, desde o nosso ultimo beijo ele tem sido maior cavalheiro e tem tentado não ficar a sós comigo. Ele disse que quer pedir a meus pais em namoro, mas acho que ele esqueceu de que a) ele é mais velho e b) meus pais querem que ele se case com a minha irmã.         Sinceramente eu não vejo muito futuro para isso, para nós dois. Mas enquanto isso por que não aproveitar o que estou sentindo? Serio! Ele me faz tremer.
         Assim que me aproximei ele se levantou, sorriu para mim, pegou minha mão e a beijou.
         – Dormiu bem meu anjo?
         Anjo? Ele acordou inspirado.
         – Hm, acho que sim. Tirando a parte de ser acordada duas vezes no meio da noite, acho que dormi bem e você?
         – Otimo. – ele colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha e isso fez minhas bochechas ficarem um pouco vermelhas. – Com fome?
         – Sim!
         Descemos a escada e formos para a mesa onde a maioria do pessoal estava amarrotada comendo. Lucas, lógico, parecendo um porco natural melando um pouco a mesa por estar com muita fome. Realmente era desagradável ver aquilo logo no café da manhã.    
         Assim que sentei uns quinze minutos depois Lizzie chegou pedindo desculpas pelo atraso. Claro, com uma boa maquiagem debaixo dos olhos para não mostrar sua pequena fuga de madrugada, onde só eu sabia que ela tinha saído.
         Enquanto tomávamos o café da manhã todos alegres, assim por dizer, Bill se pediu a atenção para todos, pois queria falar uma coisa. Isso fez meu coração palpitar feito um louco. Senti minhas mãos começarem a suar. Eu sabia exatamente o que ele queria falar. Eu apenas não estava acreditando que seria hoje e que ele estava falando a sério.
         – Senhor e Sra. Becker. – ele pigarreou e vi que estava nervoso por sua expressão, mas decidido.
         – Queria lhe pedir a permissão para namorar... – antes de ele terminar minha mãe berrou em alegria.
         – Lógico meu querido. Lizzie é uma ótima garota. Creio que vocês dois se darão muito bem assim que se conhecerem mais intimamente.
         – Senhora. Não estou falando de Elizabeth e sim de Jane.
         Isso bastou para que minha mãe parasse de sorrir e o fita-se seria.
         – Você deve estar brincando? – reclamou minha mãe.
         Ah! Ótimo! O teatro familiar.
         – Não estou.
         – Ela é apenas uma criança.
         – Mãe não seja tão cruel. – replicou Lizzie.
         Eu não sabia o que fazer nem que reação tomar. Tava tudo indo rápido demais.
         – Mulher, sente-se. – falou papai grosseiramente. Nunca o vi com tamanha raiva pelos shows de graça que minha mãe dava.
         – Senhor Wilbors, podemos conversar um pouco lá na sala de estar?
         – Claro!
         Os dois seguiram para a sala de estar enquanto minha mãe fingia um de seus ataques de “estou passando mal”. Eu apenas fiquei tudo aquilo acontecer. Eu sei que deveria ter feito algo, mas não fiz. Nem conseguia me mexer, caramba! Eu estava totalmente adormecida. Daí começou os meus belos e maravilhosos pensamentos do que eles estavam conversando. Será que papai me deixaria namorar o Bill? E se ele não deixasse o que eu iria fazer? Será que ele vai conseguir persuadir papai? E por que estou tão preocupada com isso? Coração idiota para de querer sair do meu peito.
         Lizzie aproximou-se de mim e nem percebi que estava me abraçando. Eu estava paralisada. Ela beijou meu rosto e sussurrou “vai ficar tudo bem!”. Então por que meu cérebro dizia que não? Eu devo estar ficando louca ou paranóica ou sei lá o que.
         Parecia que minha cabeça iria estourar com a demora dos dois na sala e pra piorar não dava pra escutar da varanda. Mais alguns minutos e eles saíram de lá e vieram em nossa direção.
         – Bem querida. – Papai veio em minha direção, beijou o topo da minha cabeça e sorriu. – Eu permitir vocês dois namorarem.
         Respirei fundo sem acreditar no que acabara de ouvir. Fiquei perplexa. Serio! Não é sempre que um pai é tão legal assim e logo com a filha mais nova.
         – Eu...eu... – apenas olhei para Bill que estava radiante e percebi que era real.
         – Você concordou? – mamãe falou em um tom bem alto para meu pai.
         – Conversaremos depois. E eu não vejo nenhum problema do jovem casal (ele disse “jovem casal?”) serem felizes.
         Fiquei mais um tempo ali apenas piscando os olhos enquanto minha irmã tentava me tira do choque. Isso foi bem engraçado, eu ali parada feito uma lesada enquanto meu pai tinha dado a permissão de namorar o único homem que amo e que amarei.
         – Eu estou louca ou meu pai realmente fez o que fez? – consegui desentalar.
         – Sim meu anjo, ele fez. – Bill se agachou para falar comigo.
         – Uou! – foi só o que consegui falar.
         Todos ali estavam olhando para mim e para o Bill, mas eu realmente não estava ligando para aqueles olhares. Depois de um tempo todos voltaram ao seu normal e terminaram seu café da manhã.
         Eu conversava alegremente. Realmente aquelas férias estavam sendo as melhores. E eu querendo ir com minha amiga para casa de campo dela. Tolice. Agora eu não me via mais um minuto fora daquele lugar. Como um amor podia mudar tudo não acha? Principalmente quando você não espera e quando é com um cara que você simplesmente não gostava. Isso nunca passaria pela minha cabeça.
         Sabe, eu até fico me perguntando que talvez isso deva pra me dar uma lição de não julgar um livro pela capa. Eu tenho a mania de fazer isso.
         Quando conheci Heather, eu a taxei de tudo menos de que ela era uma garota bem legal e nem imaginaria que seria minha melhor amiga (tirando minha irmã, claro).
         Foi bem engraçado quando ela chegou ao primeiro dia de aula. Não sabia pra onde ir e não era de fazer perguntas para as pessoas para poder achar a sala de aula, por isso, chegou atrasada. Todos riram baixo quando ela entrou. Logo o professor mandou calarmos a boca e nos apresentou à novata e pra melhorar meu dia a única menina que estava sem dupla era eu.
         Ela se sentou toda desajeitada ao meu lado, depois de ter mandado um belo aviso pelo meu olhar de não se meter comigo. Mas o tempo foi passando e acabei a conhecendo melhor e viramos grandes amigas. Quem diria hein? Gostaria que ela estivesse aqui para saber das coisas que estavam acontecendo comigo, mas a única coisa que vai chegar a ela é uma carta minha contando tudo que ainda hoje vou ver se mando.
         Depois do café da manhã todos nos retiramos para fora da casa.  Ficamos esperando os cocheiros trazerem os cavalos e as carruagens.  Não sei por que meu tio não compra logo um carro, não é todo mundo que tenha um ,mas é bem mais pratico. Este sim deve ser bem legal, já que os pobres dos cavalos não têm que levar mil pesos como nós.
         Talvez seja o valor do combustível que seja caro. Assim que chegou a carruagem subimos e nos acomodamos. Bill e Lucas foram em seus cavalos. Eles preferem ir assim ao ar livre a enfurnado dentro de uma carruagem. Foram meia hora de pura anestesia mental.
         Eu preferia ficar pensando em alguma coisa do que ficar escutando minha mãe com sua loucuras de senhora de meia idade. Não que eu não goste da minha mãe, ela é legal, às vezes, mas também é bem chata quando quer ou ela faz isso de propósito ou não percebe. Se bem que das vezes que ela foi chata ultrapassa as coisas legais que ela já fez. Já meu pai, era bem gentil, firme em suas escolhas e muito teimoso.
         Lizzie teve o que puxar do velho. Agora eu, não sei de quem exatamente puxei esse gênio. Meus familiares não são nem um pouco normal. Acho que nem todas as famílias são normais. Finalmente a ponta da casa estava aparecendo morro acima. Assim que chegamos perto, meus tios já estavam lá fora nos esperando. Como estou soltando fogos por estar aqui. Humpf.
         A casa era enorme, como sempre, minha tia Ana estava linda com seu cabelo impecável e seu vestido – provavelmente de um estilista famoso – que dava para encher os olhos de qualquer um. Seus cabelos ruivos estavam cortados na altura do ombro e totalmente liso. Sua expressão era de alegria profunda. Ela não é tão velha, tem apenas vinte e três anos.
         Não sei como tia Ana se casou com um cara tão, como eu posso dizer feio. Essa é apalavra. Mas tio David era um bom homem e muito engraçado, me fazia rir sempre que íamos a sua casa.
         Eles fazem um casal perfeito um para o outro. A carruagem parou, descemos fomos recebidos com alegria por eles. A casa tinha varias coisas novas desde a última vez que viemos aqui. Tinha umas esculturas estranhas do lado de fora em um jardin. Entramos na casa e havia mais umas esculturas de anjinhos pequenos do lado da lareira.
         – Os comprei na Grécia. – disse Ana.
         – Vocês foram para lá?
         – Sim e temos um presente para você e sua irmã.
         Opa! Dessa eu gostei. Ela pediu licença e foi até seu quarto para pegar nosso presente. Quando ela voltou tinha duas caixinhas pequenas nas mãos. Ela entregou uma para mim e a outra a Lizzie. Abri e era um lindo colar de ouro com um pingente em formato de um anjo muito bem esculpido.
         Lizzie mostrou o seu e era de um lindo unicórnio. Agradecemos pelos presentes e seguimos para um longo papo para saber tudo o que aconteceu com eles e falamos de nós. Acabamos ficando para o almoço por causa da insistência do marido de nossa tia.
         Eu já estava para ficar louca com tudo aquilo. Eu apenas queria sair dela e me divertir com o pessoal legal sabe. Eu estava totalmente enervada com a saída de hoje à noite. Os garotos não nos falaram para onde íamos e era exatamente isso que estava me deixando louca, pirada da cabeça. Sou uma curiosa e meia ai vem eles dizendo que era segredo. Eles estão querendo um assassinato em serie, só deve ser. Já que eles não querem falar vou fazê-los confessarem até seus piores pesadelos. HÁ! Eu sei, estou sendo exagerada, mas poxa é maldade eles não falarem e me deixarem assim de fora. Eles estão pedindo porrada. Eu preciso saber o que eles estão tramando.
         – Jane?
         Virei minha cabeça para saber quem me chamava.
         – Oi?!
         – Como vão as coisas na escola? – minha tia perguntou como já bastassem as outras que ela me fez sobre cavalos, amigos, namorados – exatamente se referindo ao Bill– e mais um monte de baboseiras.
         – Hmm, acho que bem.
         – Está achando difícil o segundo ano?
         – Na verdade não.
         Depois disso se seguiu a atenção para minha irmã. FINALMENTE.
         Agora eu podia esfriar meus miolos depois de tanto interrogatório sem noção. Quando todos acabaram, comemos a sobremesa e fomos para casa.
         Lizzie estava bem alegre com a saída de hoje à noite e curiosa como eu estava, mas não tanto como eu. Assim que acabei de me arrumar fui atrás de Lucas. Ele estava na biblioteca – como sempre – e o encostei na parede quando tentava fugir de mim.
         – Anda me diz para onde vocês vão nos levar agora à noite!
         – Jane! – exclamou ele tentando tirar o meu braço que estava em seu pescoço pressionando ele contra a parede.
         – CONTA!
         – NÃO! Para de me enforcar. Preciso respirar para poder viver garota.
         Tirei meu braço de seu pescoço.
         – O que custa Luquinhas.
         – Não me chama assim. – suas sobrancelhas se uniram de indignação.
         – LU-QUI-NHAS!
         – Não vou contar.
         Ele começou a caminhar para sair da biblioteca. O que esse garoto via ali dentro? O segui até a sala.
         – Por que não?
         – Porque assim estraga a surpresa.
         Epa. Vai ter presente?
         – Por favor? – fiz biquinho.
         – Não adianta. Não vou falar Jane.
         – Seu gordo.
         Sai batendo os pés e bufando de raiva. Nem notei Lizzie sentada na escada.
         – Que foi menina?
         – Nada!
         – Se não foi nada, por que essa cara?
         – O Lucas é um imbecil!
         Ela riu.
         – Que?
         – Foi perturbar o juízo do menino com esse negocio da saída né?
         – Bom...
         – Jane! Nós já vamos saber pra onde vamos. Só falta o Sebastian chegar com o primo dele. Te acalma.
         Respirei fundo e sentei ao lado dela enquanto esperávamos os garotos. Minutos depois Lucas e Bill se juntaram a nós na escada. Ficamos conversando até que ouvimos o barulho de uma carruagem chegar.
         Fomos até a porta e lá estavam eles descendo da carruagem. Gritei que já estávamos de saída. Entramos na carruagem e fomos ao nosso destino incerto. Não foi nem vinte minutos direito e chegamos a uma mansão. Estava toda decorada por fora.
         Cheio de lençóis coloridos que começavam da janela do primeiro andar se entrelaçando no meio do caminho fazendo uma entrada extraordinária até aporta da mansão. Minha boca se abriu e não consegui dizer nem um piu. Bill fechou minha boca.
         – Então? Gostaram?
         – CA-RA-CA!
         – Que festa é essa que não estou sabendo? – perguntou Lizzie enquanto eu olhava abobalhada para as flores, as luzes, pra toda decoração.
         – Eu que estou dando. – respondeu Sebastian.
         – Nossa! A casa também é sua?
         – De um tio meu. Eu não podia contar para vocês porque o pai de vocês duas não iriam concordar com vocês nessa festa.
         – Por quê? – perguntei.
         – Porque não tem nenhum adulto nessa festa.
         Meu sorriso foi enorme. Descemos e fomos para o grande salão que também estava totalmente lindo e cheio de decorações perfas.
         Já havia alguns convidados lá dentro. Provavelmente a maioria era conhecida do Tuner e do Bill já que Sebastian não mora por aqui.
         Cumprimentamos algumas pessoas. Bill foi até o palco e pediu para que a banda começasse a tocar algumas músicas calmas. Ficamos ali conversando até que o salão já estava bem cheio e a banda começou a tocar musicas agitadas. Sebastian e Lizzie já estavam dançando bem coladinhos e com certeza meus pais não iriam gostar de ver os dois como eu estava vendo.
         – Vamos dançar também meu amor?
         Semi-serrei os olhos e fiz uma cara de que não estava ouvindo.
         – Vamos! Não vou lhe humilhar na dança.
         – Como? Acha que dança melhor que eu Bill?
         – Se você ta com medo de dançar eu entendo... – não deixei que terminasse de falar e sai puxando seu braço.
         Logo comecei a dançar e depois ele. Acabou que todos estavam fazendo disputa de dança. Mulheres contra homens. Foi bem divertido.
         Depois de umas cinco musicas dançando parei e fui sentar, Bill veio logo atrás de mim. Me puxou pela cintura e me beijou gentilmente.
         Aquilo me pegou de surpresa. Hey! Qual é. Ele é meu primeiro namorado tá bom? Não sou acostumada a isso e principalmente porque nossos pais não estavam por perto e todo mundo estava se soltando.
         Meu sangue subiu até o rosto e isso fez minhas bochechas ficarem bem quentes. Meu coração parecia que ia sair pela boca. Assim que ele separou seus lábios dos meus fiquei meio desnorteada. Ele sorriu para mim e beijou minha mão. Ficamos assim a noite toda.
         Dançando, rindo, conversando, comendo e bla bla bla. Chegamos em casa de quatro da manhã. Fomos recebidos por nosso tio e um interrogatório atrás dele. Bill e Lucas ficaram para dar as respostas dele.
         Lizzie e eu tomamos um banho e caímos na cama. Eu apaguei total.
         Passado uma semana depois da festa, a família de Tuner e Sebastian – lógico – estavam almoçando lá em casa. Todos estavam conversando alegremente quando Sebastian pediu para falar a todos.
         – Bem, esse dia é um dia muito especial para mim senhoras, senhores e senhoritas. Quis este almoço porque queria pedir ao senhor Becker a mão de sua filha Elizabeth em namoro.
         Eu quase engasguei com o suco de vinho que estava tomando.
         Meu pai levantou e o chamou para a sala. Olhei para minha mãe que não tinha falado nada. Ela estava quieta em seu canto. Finalmente ela não fez um showzinho à parte. Meu pai voltou com Sebastian.
         – Pedido concedido minha cara Elizabeth. – meu pai sorria. Parecia realmente alegre por isso.
         Sebastian chegou perto de Lizzie e a beijou na testa. Ela sorriu.
         Claro. Eu sabia o que aquele sorriso significava. Significava que os dois não precisavam mais esperar nada nem esconder nada.
         E assim continuou o almoço até todos os convidados se retirarem.

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