Cap.2 – Mudanças

             Bill

Os últimos dois dias passaram voando. Todos estavam animados pro baile com exceção de uma pessoa, Jane. Era tão difícil vê-la sorrindo. Esses dias que estávamos aqui só a vi rindo uma vez e essa vez foi quando eu tropecei no carpete e cai de cara no chão. Ela riu alto provavelmente achando bom porque ela não teve como se vingar de mim.     
Ela me deixou acompanhá-la de vez em quando (depois de insistir muito) em seus passeios a tarde de cavalo ou a pé até o lago. Eu adorava ficar observando seu jeito de andar e como ela era engraçada falando de seus pais e amigos. Mas o que me prendia mais atenção eram seus olhos castanhos claros. Eles eram de uma profundidade tão grande que às vezes me esquecia de que estava a olhando por muito tempo.    

Muitas das vezes ela me pegava e suas bochechas ficavam ruborizadas. Ela, sua irmã e meu irmão, me acompanharam até o centro para comprar uma mascara pra mim. Eu não tinha idéia do que comprar e Elizabeth em ajudou a escolher uma. Não era chamativa, era de cor preta com uns traços em branco e umas lantejoulas brilhantes nele.
Passamos a tarde toda lá porque as meninas não paravam de entrar nas lojas atrás das melhores mascaras.      
Eu e meu irmão ficávamos observando e rindo enquanto as duas entravam e saiam das lojas. Fora uma tarde bem divertida. As meninas nos faziam rir o tempo todo. Elizabeth tinha um gosto mais refinado já Jane tinha um gosto inusitado. Chegamos a casa quase na hora do jantar e todos estavam esperando apenas nós quatro.
Estávamos todos felizes e rindo lembrando da tarde que passamos juntos. O jantar passou voando e nem vimos o tempo passar quando estávamos na sala conversando. Já se fazia tarde e amanha era o baile.      Todos estavam ansiosos pela festa, principalmente eu. Jane não me tinha deixado ver o seu vestido e eu estava curioso pra saber como ela iria.   Ela fazia um suspense que me dava nos nervos. Dei boa noite para todos, chamei meu irmão para irmos dormir. Subimos e fomos para o nosso quarto. Sentei-me na cama enquanto Lucas tomava seu banho.       
Pra mim nunca foi fácil falar dos meus sentimentos para ninguém, mas eu sentia a necessidade de falar com alguma pessoa. Eu não sei o que ta acontecendo comigo, me sinto diferente, como se tivesse achado meu lugar. Nunca me senti tão bem, mas sendo mais sincero nunca me senti do jeito quando eu estou do lado de Jane. Seu jeito gracioso, seu sorriso invadi minha alma, sua doce voz soa como musica em meus ouvidos... Nunca me senti assim. Esse sentimento é diferente não sei explicar.    
Assim que Lucas acabou o banho eu fui em seguida tomar o meu.Quando acabei de me vesti e fui escovar os dentes. Caí na cama e dormi feito uma pedra. Acordei no outro dia com os pássaros cantando e ouvindo sons do cômodo debaixo. Olhei para o relógio e vi que eram seis da manhã.    
Eu já estava eufórico demais. Acordei ansioso porque finalmente o dia do baile chegou e eu estava nervoso. Não pelo baile, mas sim porque iria levar Jane comigo. Eu parecia um cachorro babando esperando pelo o tão desejoso osso. Eu ri com o que acabei de pensar.
Levantei-me e fui tomar meu banho. Assim que acabei de me vestir fui para a varanda e os empregados já estavam arrumando a mesa do café da manhã. Ninguém da casa ainda tinha descido. Lógico, acordei cedo demais por estar muito ansioso e por isso não consegui dormir mais.
Puxei uma cadeira e me sentei. Fiquei observando o céu. Meia hora depois comecei a ouvir passos vindos da sala de estar. Eram o Sr. Wolf e sua mulher.     
– Bom dia meu caro jovem! – falou com um grande sorriso nos lábios a senhora Wolf.
– Bom dia Sra. Wolf. Dormiu bem? - sorri para ela.
– Sim querido! Cadê nossos outros hospedes? Ainda não desceram?
– Não vi ninguém ainda aqui em baixo.
– Hum,mas já que você está aqui vou mandar começarem a servir o café da manhã.
Ela saiu da varanda e foi em direção da cozinha. O dia estava lindo e eu estava nervoso. Tentava me concentrar em alguma coisa, mas não estava ajudando muito. Senhor Wolf começou a puxar assunto em relação à festa.
Realmente eu não estava querendo mais ouvir sobre essa festa já que eu estaria nela e estava bem nervoso por causa dela. Comecei a conversar com ele tentando mudar de assunto. Enquanto conversava com ele senti uma mão no meu ombro, assim que olhei era Elizabeth que estava com um sorriso encantador nos seus lábios.
– Bom dia meu caro amigo! – ela sorriu de jeito moleque. Nesses dias que estávamos aqui eu e Elizabeth nos tornamos bons amigos.
– Bom dia bela adormecida. – retribui seu sorriso.
– O que você e seu irmão vão fazer hoje de manhã? – ela puxou a cadeira que estava ao meu lado e sentou-se.
– Não vamos fazer nada. Alguma idéia nessa cabecinha?
– Bom, estava pensando em eu, você, Jane e Lucas irmos cavalgar um pouco. Desde que cheguei aqui não cavalguei e eu estou com muita vontade de ir. – ela começou a se servir.
– Então está combinado, vamos cavalgar hoje de manhã.
– Bom dia pra vocês seres humanos. – Jane estava ao pé da porta nos observando com um grande sorriso no rosto. Aquilo me deixou descoordenado, nunca havia a visto sorrindo tão espontaneamente desde que chegamos.
– Bom dia! – respondi dando um leve sorriso em resposta.
Ela veio meio que pulando sentar até ao lado de sua irmã.
– Hoje está um dia tão lindo! – exclamou ela.
– Alguém aqui está feliz com a festa de hoje. – Elizabeth falou rindo.
– Sim! Dã, eu gosto de agitação. – ainda com o sorriso no rosto.
– Jane, vamos cavalgar hoje de manhã com os meninos?
– Está bom, mas o falcão é meu!    
As pessoas chegaram e foram tomando seu lugar.      
O café da manhã foi bem agradável. Todos estavam agitados para festa. Assim que acabamos de comer, fomos nos vestir para podermos ir cavalgar. Esperamos Jane e Elizabeth acabarem de se vestir.
Eu ri quando vi as duas de calça. Jane faltou me matar, começou a correr atrás de mim feito uma louca. Até que parou e jurou que iria se vingar de mim. Eu apenas ri novamente. Fomos até o estábulo pegar os cavalos. Ela pegou o falcão logo de primeira sem deixar que ninguém tivesse oportunidade de pega-lo. Ela tinha bom gosto era o cavalo mais bonito do Senhor Wolf. Era de cor preta, seu pêlo até brilhava de tão lindo. Ele era puro de raça. Ela colocou a cela nele e o montou. Eu. Elizabeth e Lucas fizeram o mesmo e saímos para o campo enorme que o tio delas tinha. 
Saímos e fomos ver os campos fora do casarão dos Wolfs.  Subimos um pouco as elevações de terra que tinha lá. Era uma paisagem mais linda que a outra. De prender qualquer olhar. Paramos para que os cavalos descansassem um pouco. Ficamos de baixo de uma árvore.
– Olha aquela nuvem parece um pato. – Lucas apontou pra nuvem que estava olhando.
– É o que menino? – Elizabeth perguntou rindo.
– Ali, olha! – ele tentou colocar seus olhos pra onde estava vendo e ela começou a ri mais ainda.
– Você tem imaginação e tanto! – falou ela ainda rindo de seu surto.
– Só imaginação? O menino é o gênio dos contos de fadas! – falou Jane com sarcasmo.
– Ainda vou escrever um livro, não vejo nenhum mal nisso.
– Calma Lucas, só estou brincando contigo.
– Ele é um ótimo escritor. Ele já mostrou pra algumas de vocês algum poema dele?
– Não! Eu nem sabia que você escrevia poemas Lucas. – Lizzie se encostou na arvora esperando Lucas responder. Lucas corou e me olhou com ódio.
– Sim faço, mas nunca mostrei porque não trouxe o caderno onde os escrevo.
– Não tem problema Shakespeare, um dia você nos mostra. – falou Jane rindo um pouco.
– Hum, olha ali aquela árvore é maçã! Eu quero uma! – Jane começou a andar em direção da árvore. Ela chegou perto da árvore e começou a pular para pegar uma. Ela fez uma cara de chateada porque não estava conseguindo pegar. Levantei-me e fui até ela para ajudar.
– Precisando de ajuda? – sorri.
– Não! – falou emburrada. Olhei para ela e subi uma de minhas sobrancelhas.        
– Pois parece que precisa, mas já que você diz que não. – virei e fui em direção de onde os outros estavam. Senti uma mão segurar meu braço e me girar. Não sei como em uma fração de segundos acabei de cara com Jane. A segurei pela cintura antes que ela caísse para trás.
Ela me olhava com aqueles olhos castanhos que sempre me prendiam a atenção, só que agora estavam pertos dos meus. Senti seu rosto perto e sua respiração nos meus lábios. Senti meu coração bater mais forte. Engoli seco. Não sabia o que fazer, não sabia se me afastava ou aproveitava o que tinha acontecido. Minha cabeça girava em confusão e deleite daquele momento.
Então dei um pigarro fraco e me afastei a deixando firme nos próprios pés.   
– Desculpa. –disse ela sem jeito e corando um pouco. – Acho que preciso sim da sua ajuda.        
– Ok! Vamos pegar sua maçã. – sorri levemente pra ela.
Depois de ter pegado a maçã dela voltamos para onde os outros estavam nos esperando. Pegamos os cavalos e voltamos para casa. Já passava da hora do almoço e os mais velhos não nos esperaram, então comemos só nós quatro na mesa. Depois de comer fui ler um livro na biblioteca dos Wolfs. Eles tinham uma grande biblioteca e vários tipos de livros. Escolhi um de aventura e comecei a ler. Nem percebi o tempo passar e vi Lizzie entrando me chamando.
– Ah você está aqui é? Não suma assim! Vamos já esta na hora de você se arrumar pro baile, seus pais estavam chamando você. – ela agarrou meu braço me fazendo levantar.
– Calma menina! – comecei a ri.
– Eu estou calma.
– Estou vendo. –continuei rindo até ela me levar pra sala e me mandar subir pro meu quarto para me arrumar.

Entrei no meu quarto e vi que meu irmão já estava quase todo arrumado. Ri mais alto quando vi que as meninas já tinham torturado ele.      Fui até o armário e peguei meu smockin. Preto de preferência.     Peguei meus sapatos e fui me vestir.
Assim que terminei sai do quarto junto com meu irmão. Descemos a escada rindo um da cara do outro. Sentamos nas cadeiras perto da escada e ficamos lá conversando esperando as garotas descerem.
Depois de um tempo meu irmão bateu o seu cotovelo no meu braço e apontou para cima. Segui seu dedo e vi Elizabeth descendo com um vestido preto com detalhes em vermelhos que caiam muito bem em sua pele clara e seu corpo escultural. Depois dela seguiu a descer a escada Jane, me levantei na mesma hora em que a vi. Parecia um anjo aos meus olhos, vestia um vestido branco com um decote que mostrava seus robustos seios, ele caia a partir da cintura e terminava na frente em seus joelhos e atrás caia como uma calda. Tinha algumas plumas ao redor do final no vestido. Ela sorriu para mim triunfante porque eu estava bobo como um tolo. Dei-lhe a mão e ela a pegou assim que terminou de descer a escada.
– Então? Impressionei?
– Sim e como impressionou! – a olhei mais uma vez. – Você está linda. Todos os olhos dos rapazes estarão em você e sua irmã hoje à noite.
– Deixa de ser exagerado. – ela deu um soco de leve no meu ombro.
– Não estou sendo exagerado.
– Bom ele não era assim eu que o refiz. Achei melhor do que quando eu o comprei.
– Bom menos papo e mais ação meus queridos! –falou senhor Wolf no canto da porta. – As carruagens já estão prontas para nos levarem, então mecham esses popozões e vamos.
Todos nós o seguimos até a carruagem que nos levaria. Nossos pais foram em outra carruagem, então poderíamos conversar a vontade. O baile era perto da casa do Senhor Wolf e não demoramos a chegar ao baile. Do lado de fora já tinha algumas carruagens estacionadas do lado de fora e algumas chegando igualmente com a nossa. Descemos e fomos em direção da porta gigantesca da casa do Senhor Wesley. Serviçais estão na porta dando boas vindas aos convidados.        
Assim que entramos já tinha uma banda tocando lá em cima do palco. Eu me aliviei porque não era aquelas bandas de velhos e sim uma banda que estava tocando musicas da época. Estava tocando uma musica bem agitada logo nos deslocamos para pegar uma mesa no outro salão que tinha ao lado do salão onde estava tocando a banda. Nossos pais já tinham sentado em sua mesa.
– To com fome!- exclamou Jane.
– Mas já garota? – Lizzie rebateu.
– Sim. Eu tenho três crianças dentro de mim e um buraco enorme, como não ficar com fome?- ela riu.
– HAHA me mata de ri Jane! – Lizzie falou sarcástica.
Jane se levantou e foi até o balcão falar com um dos senhores que estavam servindo. Fiquei olhando sem acreditar que ela estava com fome mesmo. A observei voltar para mesa e sentar.
– Pronto ele vai trazer uns docinhos e uns salgados para nossa mesa.– Ela sorriu feliz.
– Esfomeada! – Lizzie respondeu, mas dava pra ver que ela queria rir.
– Sou não, já te disse tenho três filhos pra cuidar! – ela sorria como uma criança.
– Que seja. – bufou Lizzie.
O empregado chegou com os salgados e os docinhos que Jane havia pedido. Assim que ele os colocou encima da mesa Jane atacou os salgados e os docinhos como se tivesse há semanas sem comer. Fiquei chocado e comecei a rir da cara dela. Ela me olhou quase que me fulminando com os olhos.
– Que é coisa?
– Nada!
– Então por que ta rindo?
– Pelo seu jeito de comer. Parece até um mendigo que já faz tempo que não come! – dei uma risada alta.
– Idiota!
Assim que ela acabou de comer a chamei para dançar. Ela me mostrou a língua, mas acabou vindo comigo. Dançamos uma musica lenta.   Vi que suas bochechas de vez em quando coravam com algum elogio que eu fazia. Ela não me encarava direito e assim seguimos dançando sem perceber mais uma musica. Levantei seu rosto para olhá-lo. Ela me encarou por pouco tempo e em seguida corou e abaixou a cabeça encostando-a no meu ombro.
Afaguei seu cabelo sedoso e senti seu doce aroma floral. Ficamos assim até a música acabar. Senti uma mão bater no meu ombro de leve, era um rapaz querendo dançar com Jane. A passei para os braços do rapaz com um pouco de relutância. Eu a queria ali nos meus braços, mas era de se imaginar que outros iriam querer dançar com ela.
Sai e fui sentar-me à mesa onde estava só meu irmão sentado.
– Cadê a Lizzie? – ele apontou para perto de onde estávamos. A vi com várias garotas e garotos conversando muito entusiasmada. Acenei com a mão quando ela olhou para nós e ela retribuiu. Depois de um tempo ela veio com uma garota.
– Bill, esta é Caroline! Caroline este é o Bill! – ela riu da forma que falou.
– Prazer! – estendi a mão para cumprimentá-la e ela fez o mesmo.
– Prazer!
– Então eu estava pensando se vocês não querem dançar juntos já que você esta tão sozinho, Bill!
– Bom se Caroline quiser...
– Sim! – ela se exaltou um pouco e isso me fez rir. – Adoraria dançar!
– Então vamos. – peguei sua mão e a levei até o meio do salão.    Começamos a dançar uma musica não muito lenta. Olhei em volta procurando por Jane e a vi com outro rapaz dançando e rindo muito. Tirei meus olhos de lá imediatamente assim que ela me viu.        
Caroline e eu começamos a conversar. Ela era uma garota divertida, mas meio repetitiva.        
Começou uma musica que estava tocando em todos os lugares. Era onde trocávamos de par quando o cantor apertava a buzina. Era agitada e engraçada. Fez uma roda n meio do salão e Caroline me puxou pro meio dele. Só alguns casais participavam. Se ficasse sem par saia da roda.
Quase tive um surto quando começou a musica. Começamos a dançar passando de um lado para o outro até que o cantor tocou a buzina e trocamos de par. Peguei uma garota baixinha dos cabelos dourados e cacheados. Sorri e ela retribuiu o sorriso. Continuamos a dançar e a buzina tocou de novo. Assim que peguei minha nova parceira me alegrei quando vi que era Jane.
– Você agora dança?
– Sim! Sempre gostei! – nos afastamos e fizemos uns passos e voltamos a nos juntar.
– Estou falando de dançar se mexendo de verdade. – eu ri alto.
– Sim, você sabe pouco sobre mim!
– Estou percebendo! – ela sorria. – E você é um bom dançarino por sinal.
Eu a olhei sem acreditar que ela tinha me elogiado. Na mesma hora a buzina tocou e trocamos de par.



                     Sebastian


Às vezes eu me perguntava por que eu ainda acatava as ordens do meu “querido” pai. Já bastava eu ter que passar alguns meses com meus primos meio-elfo, ainda tinha que aturar ir pra um baile e fingir ser um humano normal.    
Eu estava sentado na minha mesa olhando aqueles bandos de idiotas dançarem. Sim eu estava muito chateado querendo matar o primeiro que visse na minha frente. Na verdade eu queria mais era matar meu pai por me fazer vim pra esse fim de mundo. Eu olhava os humanos em volta e não via nenhuma graça naquilo que eles tanto se divertiam.
– Qual é Sebastian! Anima cara! Estamos em uma festa, tira essa cara de morto. – falou meu primo Tuner.
– Há! Diga-me um motivo para mudar essa cara? – o olhei com desanimo.
– Muitas! Não consegui ver?
– Sinceramente não.
– Garotas cara! Garotas! – ele ria de minha cara. Eu revirei os olhos e o deixei falando suas baboseiras.
Tuner era um ótimo amigo, mas às vezes falava merda demais. Deixei escapar um suspiro pesado. Já fazia um bom tempo que estava ali e não sabia de que horas sairia dali. Fiquei ali brincando com o papel de mesa até que senti que alguém me observava. Procurei em volta e vi que vários me observavam, mas nenhum que eu olhava era da sensação que eu sentia.
Vasculhei mais um pouco e achei de onde vinha aquela energia esquisita. Eram dois pares de olhos castanhos claros me encarando. Na verdade me olhava como se tivesse tentando me desvendar.         
Eu a encarei por um bom tempo até que uma garota a chamou e ela desviou o olhar e seguiu junto à menina que parecia com ela. Fazia tempo que não sentia essa energia de algum humano.    
Na verdade eu nunca senti isso vindo de um humano só de alguma criatura mágica ou semi-mágica. Balancei a cabeça e continuei a brincar com o papel em minhas mãos. Algumas pessoas vieram falar conosco e os donos da casa também vieram nos dar boas vindas e agradecer por estarmos ali. Fiquei ali sentado por um bom tempo.        
Até que um amigo de meus primos chegou para falar conosco.
– Oi Tuner há quanto tempo cara! – falou rapaz dando a mão para Tuner.
– Sim, faz muito tempo mesmo. E ai como vão às coisas?
– Bem. Estou passando essas férias na casa do Senhor Wolf junto com seu irmão e a família dele.
– Que bom cara. Ah esse é meu primo Sebastian, Sebastian esse é o Bill. – Levantei-me e dei a mão para ele. Voltei a me sentar assim que terminei de apertar sua mão.
– Prazer! É bom conhecer alguém da família de Tuner.
– Bom sou um primo distante. Quase não venho aqui.
– Interessante. Tuner nunca falou de sua família direito, mas é bom conhecer alguém ao vivo do que só em palavras. – ele sorriu amigavelmente para mim, como se eu fizesse questão de sua amizade.
Ele chamou mais algumas pessoas para virem até nossa mesa.    
– Já vi que hoje é dia do “olha esse é o primo do Tuner” – murmurei baixo o bastante só para eu mesmo escutar.
Escutei ele apresentar as três pessoas para meu primo. Levantei a cabeça assim que escutei meu nome. Assim que olhei para as pessoas vi a garota que me encarou do outro lado do salão. Espantei-me na mesma hora em que a vi e fiquei sem reação. Meu primo bateu em meu ombro.        
– Esse é meu primo Sebastian. – ele deu um pigarro. Recompus-me e levantei.
– Essas são Jane e Elizabeth Becker. E esse é meu irmão Lucas. – falou Bill apontando pra cada um quando os apresentava.
– Prazer!
– O prazer é nosso. – falou a moça mais nova, Jane.
Todos eles sentaram em nossa mesa e ficaram conversando. Eu não estava com humor nenhum para conversar. Deixei-os conversando e fiquei pensando como seria longa minha estadia aqui. Dois meses preso neste pequeno lugar sem nada de excitante pra fazer e nem nada de perigoso o bastante. Pedi para um empregado uma bebida e assim que ele o trouxa a bebi rapidamente. Fiquei brincando com o copo até que vi as duas moças se levantarem e irem até o balcão.       
Meu primo não tirava os olhos delas duas e eu cai na risada. Ele continuava o mesmo garanhão de sempre. Não desistia nunca de ser um garanhão. Muitas vezes já o vi ganhar vários foras e eu adorava ver a persistência dele e principalmente os tapas que levava.    
Eu observei aquele olhar e eu o conhecia muito bem. Sim, ele iria fazer uma daquelas garotas ou talvez ate as duas sua vitima hoje à noite e eu não queria o ver fazendo isso. Mas ele estava mais focado na Elizabeth a mais velha.
– Você vai dançar com uma delas primo?
– Não! Por quê?
– Estou pensando em convidar a mais velha pra dançar. Ela é sexy.     
Eu o fitei incrédulo. Eu sabia que ele estava pensando em alguma coisa.         
– Não seja maluco rapaz.      
– Ora eu vi o jeito como ela se derreteu por mim enquanto falava comigo. Ele deu aquele sorriso de que iria aprontar uma.
 Ele se ajeitou e começou a andar em direção a ela. Eu o olhei por um momento. Então me deu uma vontade de impedir ele e eu me assustei.  Ora por que vou me preocupar com meros humanos? Mas é apenas uma criança. Eu não tenho nada haver com isso. Você ta louco? Eu to ficando louco. Balancei a cabeça e me levantei rapidamente. Não pensei em nada só passei na frente do meu primo e cheguei a Elizabeth antes dele.         Ela me olhou sem entender muito o porquê de eu ter ido a ela e ainda esta calado olhando pra ela.
Ouvi os passos do meu primo se aproximando mais, então fui rápido e direto.
– Senhorita Elizabeth, você me acompanharia na próxima dança?          Ela ficou em silencio por alguns segundos e me olhando com aqueles olhos castanhos profundos.
– Bom... – senti uma relutância vinda dela. Escutei seu coração bater um pouco mais rápido. – Pode ser! – estendi a mão para pegar a dela e ela colocou a sua sobre a minha.
Fomos andando até onde as pessoas dançavam. Coloquei uma de minhas mãos em sua cintura e com a outra segurei sua mão. Olhei em seus olhos, mas ela encarava o chão ou sei lá o que.        
A música começou e então a conduzi nos primeiros passos. Ela começou tímida e não olhava em meus olhos. Senti uma curiosidade de saber o que ela tanto pensava.
– Esta de ferias aqui? – quebrei o silêncio entre nós.
– Sim, junto com a família. – ela olhou rapidamente em meus olhos e depois desviou e olhou para o mesmo canto de antes.
– Vão passar muito tempo aqui? – dei um sorriso para mostrar interesse.
– Sim! Dois meses exatamente. – Agora ela me olhava e não desviava seu olhar. Sentir seu pulso bater mais forte. – E você esta de férias aqui de férias também?
– Sim e não. – ri de minhas palavras.
– Como assim? – confusão passava em seus olhos.
– Bom eu estou de férias – na verdade sempre estou de férias – e também estou aqui porque meu pai me mandou para cá como forma de punição.
– Punição? O que você fez de tão errado?
– Bom algumas travessuras e muitas regras quebradas de onde eu vim.
– Foi tão ruim assim o que você fez? – ela olhava quase que não acreditando em minhas palavras.
– Mais ou menos. Eu tenho a mania de desobedecer às ordens do meu pai. Ele me irrita em vários aspectos. – ela deu uma risada abafada e prosseguiu.
– Parece que você gosta de encrencas.
– Sim eu gosto de algumas. E parece que vou arrumar uma hoje daqui a alguns instantes. – senti uma vibração de fúria vinda de trás de mim. Virei Elizabeth para ver de onde vinha e vi meu primo quase me matando pelos olhos. Tudo bem ele tava me matando pela mente, provavelmente estava.
Dei um sorriso de triunfo porque sabia que tinha conseguido estragar o plano maléfico dele. Ele viu meu sorriso e sua cara fechou mais ainda. Eu dei uma risada um pouco alta e Elizabeth começou a ri de mim. Ela estava se soltando mais.
– E como você sabe que vai arranjar uma hoje?
– Porque meu caro primo ia te chamar para dançar e iria dar uma de galã pra cima de você, então eu estraguei o plano dele. – dei mais uma risada, mas desta vez não tão alta.
– Ele ia me chamar pra dançar e você quis impedir. Interessante! Seu primo iria levar um lindo pé na bunda, tenha certeza disso. – ela começou a ri sem parar e então a musica acabou.
Voltamos para o lugar onde a irmã dela estava. Começamos a conversar e ouvi os passos de Tuner vir em nossa direção. Senti sua mão em meu ombro.
– Então meu caro primo, como foi a dança? – ele falava em um tom que eu não gostava.
– Foi ótima. Elizabeth é uma ótima dançarina.
– Elizabeth minha querida gostaria de dançar?
– Não, obrigada Tuner! Estou um pouco cansada.
– Mas você não parecia cansada enquanto dançava com meu primo.
– Sim, mas me cansou essa ultima dança.
– Serio? Acho que você poderia abrir uma exceção. – ele se aproximou dela passando a mão em seu cabelo.
– Tuner eu já disse que não quero e que estou cansada. – ela se afastou.
– Primo acho que você bebeu demais.
– Eu só bebi o bastante pra ficar feliz e eu não estou falando com você estou falando com a senhorita aqui. – ele segurou o braço dela.
– Tuner me solta esta me machucando.
– Tuner solta ela. – tirei sua mão do braço de Elizabeth e em seguida senti seu braço levantar para me dar um golpe na face. Segurei sua mão antes que chegasse a meu rosto.
– Que foi? Vai amarelar agora?
– Não! Só não quero brigar com você porque você esta fora de si e eu te derrubaria em apenas cinco segundos.
– Hahaha. Faz-me ri. Eu te venceria facilmente. – ele tentou novamente me bater então lhe dei um soco no rosto e ele apagou caindo no chão.
– Você pediu. – o peguei nos braços. – Desculpem meninas por verem tal cena.
– Tudo bem. Vá cuidar do seu primo eu odeio ver sangue e não quero ver se sair uma gota dele. – falou Jane assustada.
– Ok!
O levei até a nossa mesa e o fiz sentar na cadeira. Depois de alguns minutos ele acordou e me pediu desculpas pela cena de ciúmes.
Eu disse que não tinha problema, mas que ele não me arranjasse mais uma daquelas. Dancei uma musica com Jane e mais uma com Elizabeth.
Já estava ficando tarde então meus tios e meus primos resolveram ir embora. Despedimos-nos dos donos da casa e depois dos amigos que fizemos lá. Já era três e meia da manhã quando chegamos à casa dos meus tios. Ajudei Tuner ir até seu quarto, pois ele nem se agüentava em pé.
Depois de deixá-lo em seu quarto fui para o meu, tomei meu banho e me vesti para dormir. Estava muito cansado e acabei apagando na mesma hora em que deitei. Meus sonhos foram turvos e sem sentidos. Às vezes ouvia vozes de pessoas gritando, sons de cascas de cavalos tocando a terra, uma doce voz chamando meu nome e fogo, muito fogo pelo o que eu podia tentar ver. Quando acordei estava com a testa suada por não ter tido uma noite agradável. Rolei mais um tempo na cama querendo não lembrar as imagens estranhas que vinham na minha mente do sonho sem noção que tive a noite. Levantei-me e sentei na ponta da cama.         
Ouvi vozes na porta do meu quarto e em seguida um toque de leve nela. Era minha tia querendo saber se já estava acordado e avisando que a comida ainda estava na mesa.
Respondi que já iria descer. Fui direto ao banheiro tomar um banho rápido, me vesti e desci ate a sala de jantar onde a mesa ainda estava farta de comida. Meu estômago roncou por estar olhando tudo aquilo.
Rapidamente sentei e comecei a me servir. Comi até me empanturrar de comida. Meu primo mais novo desceu um pouco tempo depois de mim e me acompanhou no café da manhã. Conversa-mos sobre ontem e o que houve com o Tuner e rimos porque sabíamos que ele iria se sentir péssimo assim que acorda-se.
Assim que acabei, me levantei e fui para o jardim como o de costume eu fazia assim que acabava de comer. O céu estava limpo, as nuvens estavam por todas as partes fazendo um balé sincronizado.
O ar estava calmo e uma brisa estava passando constantemente e isso me fez relaxar. Deitei na grama úmida e fechei meus olhos para sentir a terra ao meu redor. Cada batida que a terra dava meu coração entrava no ritmo. Cada ligação de arvores ao meu redor eu podia sentir, suas dores, suas fraquezas, suas alegrias e a cada animal que elas protegiam. Senti a calma inundar meu ser e fiquei ali por algum tempo.
Cada ligação pareciam nervos que faziam parte de meu corpo, eu os podia sentir vibrando constantemente em meu ser, em minha alma e em meu coração.
Suspirei ao me lembrar que daria de tudo pra voltar pra casa sem o ter o meu pai por perto para azucrinar em meu ouvido.
Às vezes me dava vontade de arrancar sua cabeça por suas bobagens de que eu deveria me portar como um príncipe porque vou herdar sua coroa. Eu não quero nada disso pra minha vida.
Não é culpa minha se nasci no meio de um bando de gente lesada, riquinha e cheias de manias que me dão nos nervos. Uma das piores é uma das minhas primas que meus pais querem que eu case. Ela é tão...argh!        Nem gosto de lembrar, como posso casar com alguém que eu não amo e tenho horror as suas frescuras? Eu quero me casar com alguém que me faça rir até nas horas ruins, alguém que vá me dar a mão em todos os momentos da minha vida.
Eu sou contra casamento arranjado, uma das causas de tanta briga com o meu pai e o conselho é essa. Bom não é só essa a causa. Eu adoro provocar meu pai e o conselho, é divertido. Lembro-me da vez que fugi de casa com dois amigos meus por três dias. Todos acharam que eu tinha sido raptado pelos orcs. Quando voltei levei um sermão daqueles de todos do conselho e principalmente do meu pai. Minha mãe quase teve um infarto (se bem que isso para os elfos é bem difícil) e quando me viu achou que era o fantasma do meu espírito morto. Eu ri muito naquele dia.
Eu queria estar em casa aprontando e estar no meu quarto pensando em alguma forma de fugir daquele tormento. O pior é que eu estava morgando ali. Eu não conseguia arrumar algo pra fazer nessa terra de zero a esquerda. Os dias ali se arrastavam e a quilo estava me fazendo um mal que fazia meu estomago embrulhar.
Só faltava os passarinhos chegarem pra mim e perguntarem se quero fazer parte da bela canção deles. Humpf!
– Preciso me mexer.
Sussurrei essas palavras para mim mesmo. Tive um pensamento rápido do que fazer, mas nessa cidadezinha de Zé ninguém era difícil arrumar o que eu queria. Comecei a andar de volta pra casa dos meus tios.
Eu iria precisar da ajuda do Tuner. Ele poderia me mostrar algum bar para ir. Ao chegar, vi que tínhamos visitas. Respirei fundo e entrei.
Isso ia estragar tudo o que estava planejando para o meu dia. Assim que cheguei à sala vi que era o amigo de Tuner, seus irmãos e as duas moças que os acompanhavam ontem à noite. Tuner deu logo um grito por mim para se juntar à conversa. Fiz uma careta, mas mesmo assim fui e sentei na cadeira perto da janela. Senti o ar frio tocando meu rosto, provavelmente iria chover a noite.
– Então Sebastian, vai querer ir conosco? – uma voz leve se dirigiu a mim. Procurei o rosto de quem era aquela voz e encontrei os pares de olhos castanhos claros me encarando. Dei um meio sorriso.
– Bom depende para onde estão querendo ir.
– Estávamos combinando de ir para uma festa em um clube. O filho do dono me convidou e disse que poderia levar quem eu quisesse. – Tuner respondeu no lugar da garota.
– Topo qual quer coisa pra sair desta casa e fazer algo de divertido. Estou de saco cheio dessa cidadezinha parada.
– Ela não é parada! É você que é enjoado e cheio de besteiras. – retrucou Tuner um pouco emburrado por ter falado de sua cidade daquela maneira. Soltei uma risada baixa e isso o deixou um pouco mais raivoso. Tentei controlar meu riso para não causar mais dor de cabeça aos outros.
– Só estou dizendo a verdade!
– Vamos para com isso ok, garotos? – Jane estava segurando o braço de Tuner. Ele andava com raiva ultimamente. Na verdade desde ontem quando Elizabeth não quis dançar com ele.
– Ah Tuner! Por favor, estamos com visitas. – ouvi a voz de minha tia vinda de trás de mim.
Virei-me por um segundo e minha tia estava dando as boas vindas ao grupo de jovens na sala. Os acolheu e foi para cozinha fazer um lanche para nós. Espreguicei-me na cadeira onde estava sentado, enquanto Tuner falava do lugar aonde íamos esta noite.
Desviei meus olhos para fora da janela tentando imaginar o que Tuner iria fazer para conquistar Elizabeth. Segurei novamente o riso, aquilo já estava ficando ridículo. Ele falava, falava e fazia poses para tentar impressioná-la. Vai ser bem engraçado ele tentando se fazer de o bom moço ou sei lá o que.
Eu sentia suas emoções oscilando, ele não desistiria tão fácil assim.
Olhei para Jane, era encantadora sua presença no ambiente. Sua risada contagia a qualquer um e sua alma é tão generosa e aventureira que talvez desse uma boa amiga pra farras. Sua irmã pelo contrario era mais reservada, mas seus olhos prendiam os meus nos dela. Ainda tinha aquela força que eu sentia emanar dela que eu nunca senti antes.
Ela acabou me pegando olhando em seus olhos, vi a maçã de suas bochechas ficarem vermelhas e ela sorriu timidamente para mim.
Sem querer eu retribui seu sorriso. A observei melhor, seu rosto era suave, bem tranqüilo, sua pele era como porcelana, tão branquinha e suave.
Seus cabelos de um marrom que clareava um pouco mais nas pontas de seus cachos. Seus lábios finos, mas um pouco carnudo no lábio inferior se encaixava perfeitamente em suas fisionomias.        
Ela também me encarava e eu não conseguia tirar os olhos dos seus.      Minha tia entrou na sala trazendo alguns biscoitos, sucos, bolos e frutas para comermos. A empregada nos sérvio e comemos todos, lógico sem fazer nem um barulho. Hãham, você acha mesmo que foi assim?                 Haha, eles não paravam de conversar. Eita povinho pra falar.      Achavam tudo que era assunto para conversar e eu apenas ria das conversas e falava algumas coisas bem felizes quando Tuner tentava falar de suas belas conquistas em caças.  Ele me lançava um olhar matador como se quisesse pular no meu pescoço naquele exato momento.     
 Eu apenas ria de suas chatices de “eu sou o cara, vai encarar?”.   Depois de uma manhã bem divertida, nossos visitantes foram para suas casas e combinamos o horário de nos encontrarmos no clube.          Depois do almoço fui para meu quarto e pedi para o irmão mais novo de Tuner que me acorda-se quando estivesse perto de sairmos. Deitei-me e em seguida dormir. Meu sono foi tranqüilo, sem pesadelos ou qualquer tipo de sonho bom. Como eu havia pedido o irmão de Tuner me acordou.
Levantei-me e fui tomar um banho e me arrumar. Assim que terminei de vestir minha roupa Tuner berrou por mim lá em baixo.
Desci as escadas tranquilamente, assobiando.
– Quer nos atrasar? – falou com um ar irritadiço.
– Não primo, já estou pronto e aqui em baixo, não estou? – sorrio de canto.
– É estou vendo. – bufou e falou algo que não entendi e foi em direção da porta. O segui e a carruagem estava parada em frente ao portão de saída.
Entramos e seguimos rumo ao clube. Levou pouco tempo até chegarmos. Era perto da casa de meu primo o tal clube que ele falou.
Bill, seu irmão e as meninas já estavam do lado de fora nos esperando.
– Ae! Bom ver vocês novamente. – Jane nos recebeu bem elétrica.
Entramos depois de Tuner ter falado com o amigo dele. Era um espaço bem grande, bem iluminado, as mesas não se apertavam entre si, às cores das paredes eram de um verde e um laranja bem vividos com desenhos de alguns instrumentos e pessoas dançando.      
Em um canto do clube tinha algumas mesas de jogos, onde tinha pessoas sentadas jogando. No outro canto tinha um bar, quase ao lado tinha um palco um pouco exagerado onde tinha músicos tocando. O amigo de tuner, Daniel, nos levou em uma mesa perto do bar que na verdade era bar/cozinha. Era bem bolado o que tinham feito.     
Em frente ao palco tinha uma pista de dança. Jane e Bill foram os primeiros a irem dançar. Eu pedi uma taça do melhor vinho que eles tinham no clube. Ficamos ali por um bom tempo. Conversando, dançando e comendo. Saímos do clube para passear por perto do clube onde tinha uma ponte por cima de um lago magnificamente lindo.
Senti o ar mais frio do que de costume. Olhei o céu e ele estava nublado, mas as pessoas nem percebiam isso. Elizabeth me chamou do outro lado da ponte e fui ao seu encontro enquanto os outros estavam andando na frente.
– Você ta devagar hoje, Sebastian! – ela riu da minha cara de tapado.
– Só estava vendo o céu, provavelmente vá chover. – ela instantaneamente olhou o céu e riu mais.
– Parece que você tem razão, mas do jeito que o povo ta acho difícil agente não pegar essa chuva.
– Talvez se agente disser que vai chover... – ela me interrompeu colocando seu dedo em minha boca.
– Shhhhh.... fala nada não! Deixa todo mundo se molhar na chuva. É divertido.
– Pelo jeito você esta achando isso divertido hein?! – nós começamos a rir pensando em pregar uma peça no pessoal.
– E eu achando que o gênio mal da família era sua irmã.
– Eu só quero me divertir.
Continuamos a andar na pracinha que seguia depois da ponte. Não tinha muita gente assim deixava-nos mais a vontade. Todos estavam rindo e conversando, até Daniel veio conosco e mais uns amigos deles que conhecemos no clube.
– Então Sebastian, o que você esconde tanto da gente? – fui tirado de meus pensamentos.
– O que eu escondo? – olhei Elizabeth sem entender sua pergunta.
– Sim! O que você esconde. Você é misterioso quase não fala de onde veio e sempre muda de assunto quando perguntamos de sua família. – ela era bem perceptiva e isso me fez rir.
– Bom, não tenho muito a falar deles e nem de onde eu venho. O importante é o agora.
– Hum! – ela cruzou os braços, meio pensativa. Eu ri de sua expressão.
– Por que ri tanto? Por acaso tenho cara de palhaço? – nos olhamos e caímos na risada.
Ela estava andando e não viu a pedra não muito grande na sua frente a acabou tropeçando. Ela caiu em um baque com a bunda no chão. Ela ficou parada por uns segundos olhando pro nada e depois começou a rir. Ofereci minha mão para levantá-la na mesma hora em que toquei sua mão senti cada partícula do meu corpo em conexão com o dela.
Nossos olhos se encontraram e percebi que Elizabeth também sentia a mesma coisa que eu. Ficamos segurando a mão um do outro até ela soltar a minha. Dei um pigarro baixo.
– Vamos continuar se não vamos nos perder do grupo.
– Vamos. – ela concordou afirmando com a cabeça também.
Assim que chegamos perto do grupo escutamos uma trovejada e em seguida começou a chover fraco. Todos nós começamos a correr em direção da fonte pra achar algum lugar para nos abrigarmos.
A chuva começou a ficar mais grossa e forte. Corremos para um canto perto da fonte onde tinha abrigo. Algumas pessoas além de nós estavam ali. Todos estavam encharcados, mas o animo não desaparecia de seus rostos.
– Eu quero tomar banho de chuva. – exclamou Jane.
– Ta louca? Eu não quero uma irmã doente em casa.
­         – Dã, Lizzie! Olhe só pra nós. Já estamos molhados, não vai fazer diferença alguma.
– Faz sim! Você deixa de ficar mais molhada. – as duas se entreolharam e caíram na gargalhada. Eu não poderia deixar de rir.
Aquela era uma situação bem engraçada. Ficamos pouco tempo ali esperando a chuva passar, pois ela não durou muito. Saímos de onde estávamos e voltamos para o clube.
As meninas queriam ir para casa então Bill chamou o cocheiro e fomos todos para casa. Enquanto estávamos voltando para casa fiquei pensando o porquê daquela energia que emanava de Elizabeth. Ela é apenas uma humana, não deveria ter essa pequena energia. Isso era estranhamente engraçado. Imagina uma humana ter uma energia assim? Os seres das florestas iriam achar isso um desrespeito. Ri comigo mesmo pensando na idéia até chegarmos em casa.

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