Cap.1 – Viagem.

                      Elizabeth

         Era nessas horas que simplesmente gostaria de desaparecer. Minha irmã mais nova estava discutindo com nosso pai sobre nossas férias.
Ela estava surtando por causa disso. Ela tinha combinado com sua melhor amiga de ir para casa de campo dela, mas papai mudara de idéia.
         Agora iremos para casa do nosso tio Wolf novamente. Mamãe já estava alterando a voz por tanta insistência de Jane. Dava pra ouvir os gritos da minha irmã do meu quarto que fica no andar de cima. Acabei pegando um livro pra tirar minha mente da briga dos três lá em baixo.
         Certamente não vi o tempo passar. Sei que fui interrompida quando escutei a porta do meu quarto bater e vi Jane correndo pra sua cama.
      
 


         – O que aconteceu pra você esta aos prantos? – coloquei o livro do lado.
         – Eu não quero ir para casa do tio Wolf! Eles prometeram que eu iria estas férias para casa de campo da Heather! Isso é tão injusto. – falou ela aos prantos e berros.
         – Mas quem mudou de idéia?
         – Papai. Disse que eu sou “muito nova” pra ficar em uma casa de campo só eu e ela!
– Mas vai ser legal no tio Wolf! – tentei animá-la sem muito sucesso.
– Vou pro fim de mundo! Quero morrer!
– Argh... não fala isso. Bom, vamos arrumar nossas malas porque viajamos depois de amanhã!
Ela não se levantou de imediato. Ficou lá até para de chorar.
Eu não estava querendo viajar pra lugar nenhum, mas o irmão do papai lhe implorou tanto que ele acabou aceitando o convite. Eu queria ficar sossegada. Às vezes Jane me tirava do serio. E era nessas horas que eu me mandava. Fui caminhando para a casa de uma amiga minha que ficava a dois quarteirões do meu. Nunca pensara que ir para casa dos meus tios iria me deixar tão pra baixo. Olhei as nuvens por um momento.
 Estava certa de que meu tempo ali na casa dos meus tios seria uma passagem um tanto turbulenta. Não sei explicar o sentimento que estava no meu coração. Só sabia que o que me esperava lá não seria um tanto calma. Finalmente cheguei à casa de Lucy. Andei ate a porta de sua casa e bati. Esperei algum tempo ate alguém vir atender a porta. A culpa não é minha se os pais dela são ricos e amam casas grandes. A serviçal abriu a porta para mim. Ela era baixa com uma verruga no queixo que me dava nos nervos.
– Oi, a Lucy esta?
– Sim! Entre que vou chamá-la.
Entrei e fui para a sala. Era grande com uma lareira não muito utilizada pelos donos da casa. O sofá era cor de madeira escura. Tinha uma estante na parede norte com vários livros. Nas paredes beges tinham alguns quadros com pinturas de relevos, montanhas e algumas da família.
Tinha jarros com flores do jardim da Sra.newbrough. Onde ela fazia questão de colocá-las para que todos vissem suas rosas tão amadas. Sentei-me no sofá para esperar Lucy. Depois de um tempo ela desceu para falar comigo. Lucy era um pouco mais baixa que eu. Tinha olhos castanhos claros, pele morena, cabelos ondulados de cor pretos.
Seu rosto era um pouco afilado. Seu jeito de ser é maravilhoso. Ela é simples em tudo que faz e não tem nenhum problema quando a questão é esperar. Conheço a Lucy desde que me entendo por gente. Ela veio até mim para me dar um abraço. Seu perfume é parecido com o de flores como as da casa dela.
– E ai? –Lucy me olhava com cara de curiosidade.
– Fugi de casa pra não me intrometer na confusão da Jane. Ela fez um escândalo por causa da viagem. – Falei me sentando no sofá novamente.
– Ela não vai mais pra casa de campo da amiga dela?
– Não! Vamos para casa do nosso tio Wolf e por isso ela fez um escândalo.
Fiz uma careta demonstrando o meu interesse na conversa.
– Você vai também?
– Lógico. Meu tio e minha tia pediram pra família toda ir. Eu não estou com vontade, mas não posso fazer nada e nem chutar o pau da barraca. Já basta a dor de cabeça que vai ser a Jane reclamando a viagem inteira.
– Bom, eu vou pra casa dos meus parentes lá em Northland. Vou passar um mês lá e depois vou para casa dos meus avôs.
– Bom pra você. Vamos fazer alguma coisa. Estou de saco cheio sem fazer nada.
– Certo. Que tal irmos ao centro da cidade fazer compras? Preciso de um vestido e roupa de banho novo.
– Vamos nessa!
Saltei do sofá em um pulo. Fomos pegar a carruagem para irmos ao centro da cidade. Esperamos o cocheiro chegar. Assim que ele chegou com os cavalos subimos na carruagem e prosseguimos viagem. Da casa de Lucy para o centro era rápido, pois ficava perto. Eu gostava de ir fazer compras com Lucy. Ela me distraia com seus comentários e seu gosto meio esquisito pra roupas. Mas era isso que fazia dela única.
 Lembro-me que desde pequena ela queria ser costureira pra fazer suas próprias roupas, com seu gosto inacreditavelmente maluco. Ao menos ela me fazia esquecer de que eu ia viajar com meus pais e minha irmã. Jane sempre foi cabeça dura. Sempre vai pelo que ela acha que esta certa. Mas eu não posso simplesmente abrir seu cérebro e botar algum juízo nele.
O centro era um lugar cheio de lugares e pessoas que poderiam te fazer sorrir ou apenas tentar ignorá-lo por ser, bom, não tão desejável.
Alguns mendigos pediam dinheiro aos passantes. Havia muitas lojas de todos os tipos, preços e decorações fazendo o lugar parecer uma explosão de cores. Lucy como era a louca entre minhas amigas sempre ia às melhores lojas que lhe batessem os olhos. Mesmo sendo lojas caras.
Lucy experimentou uns cinco vestidos e umas três vezes a mesma roupa de banho. O que me dava agonia nela é que nunca se decidia qual levar. Na maioria das vezes levava mais do que era pra comprar.
– Um que tal esse verde? – perguntou Lucy me mostrando um vestido lindo e cheio de babados.
– Nossa que lindo! – Me espantei com tantos detalhes.
– Bom vou levar esse e mais aquele preto com camadas. O que você acha?
– Está ótimo!
Passamos à tarde no centro procurando roupas, sapatos e jóias.
Quando percebemos já era noite e voltamos pra casa antes que nossos pais chamassem a policia para ir atrás de nós. Voltamos rápido para casa. Lucy mandou seu cocheiro me deixar em casa e quando cheguei adivinha?
Meus pais já estavam dando um surto porque tinha desaparecido a tarde inteira.
– Onde você estava mocinha? – perguntou minha mãe aos prantos.
– Fui fazer compras com a Lucy, mamãe!
– Por que você não nos avisou? Estávamos preocupados com você, querida.
– Esqueci completamente disso. Eu só queria aproveitar à tarde com a Lucy antes de viajar amanhã.
– Mas isso não é desculpa pra você não nos avisar! – Ela me olhava com cara de repreensão.
– Certo mãe! Desculpa, não irei mais fazer isso! Agora dá licença que vou para o meu quarto. – Passei direto sem se quer olhar na cara dela.
Eu sabia o que iria acontecer se eu ficasse mais um momento ali. Certamente eu iria explodir como uma bomba que esta há horas esperando ser jogada e bum! Explodir.
Subi as pressas para o meu quarto. Querendo não pensar no que minha mãe estava pensando de mim. Apenas a ouvi resmungar enquanto subia pelas escadas para o refugio do meu quarto. Ao entrar Jane estava deitada em sua cama, mas me parecia melhor. Nada de olheiras e nada de cara fechada. Na verdade eu acho que ela só estava com sono. Sentei em minha cama e coloquei meus pés em cima.
Encostei minha cabeça no travesseiro. Passei tantas horas fora de casa que tinha me esquecido do que tinha deixado.
         Jane se virou e olhou para mim.
– Você não pode os deixar fazerem isso comigo. – falava ela com uma ponta de dor em sua voz.
– Minha criança, eles sabem o que é o melhor pra nós. E não vai adiantar nada você pegar briga com eles. – levantei e fui sentar ao seu lado na cama.
– Mas é tão injusto. Estava tão alegre porque ia finalmente conhecer a casa de campo da Heather. –ela baixou os olhos fitando o chão. – Só queria me divertir um pouco.
– E você vai Jane. Lá tem bailes fantásticos e o nosso tio sempre dá bailes espetaculares. Você vai gostar. Ao menos tente.
– Não sei. Não quero ver família, quero meus amigos.
– Sua bobinha. Você sempre arranja um meio de fazer amigos e se divertir. – apertei seus lábios onde ela fazia um bico toda vez que queria algo.
– Ai. Isso dói. E quem disse que quero fazer amigos lá¿
– É melhor você ir dormir. Amanhã temos uma longa viajem pela frente – a cortei antes daquilo virar uma conversa de mais de uma hora.
Abaixei e dei um beijo em sua testa.
– Boa noite mana!
– Boa noite! –falou entre os dentes de tanta raiva.
Arrumei o resto da mala antes de ir viajar. Era pouca coisa que faltava colocar. Então fui tomar banho e dormir. Estava muito cansada que nem reparei que dormi tão rápido. Nessa noite tive um sonho muito estranho. Estava na floresta e ela estava muito escura. Eu estava correndo atrás de alguma coisa ou alguém, não sei bem o que estava procurando.
 Só sei que estava desesperada. Então por detrás de mim ouvi passos e alguém chamando o meu nome. A voz era linda e suave. Falava com tanto amor o meu nome, que me fez estremecer as pernas e meu coração saltou do meu peito pra minha garganta. Quem era aquele que chamava meu nome? E como sabia?
Virei-me devagar para ver quem era. Quando eu o vi foi em um estalar de dedos, algo por trás dele o puxou para dentro da floresta densa e escura. Senti repentinamente uma vontade de socorrê-lo e me sentia incapaz de fazê-lo. Uma mão fria e gélida tocou em meu ombro. Quando estava prestes a me virar, alguém me acordou. Era Jane. Fitando-me com os olhos arregalados. Eu sem entender nada, levantei um pouco meu corpo da cama.
– O que foi Jane? – minha voz estava rouca.
– Você estava gritando e eu acordei.
– Eu o que? – olhei para ela desnorteada por causa do sono.
– Você estava gritando. Nunca te vi gritar assim. – ela me olhava com olhos cautelosos. – Aconteceu algo?
– Não que eu saiba. Que horas são? – olhei para o relógio. – Quatro da manhã? Nossa.
– O que você sonhou? Você também estava chorando. Não entendi nada.
– Quando acordarmos um pouco mais tarde lhe conto. Estou com sono. Não estou raciocinando direito.
– Ok! Mas você vai me contar tudo depois.
Ela se levantou e se deitou em sua cama. Jane por mais que fosse teimosa e rebelde. Ela era atenciosa e boa amiga. Nunca me esqueci das noites que ela me ajudava quando tinha pesadelos ou algo parecido. Não consegui dormir depois daquilo. Fiquei tentando lembrar do rosto que apareceu em meu pesadelo. Nunca havia me sentido daquela forma.
Como se aquele pessoa fizesse parte de mim. Fiquei olhando pro teto enquanto as horas passavam. Ate que então já estava bem claro e me levantei para ir tomar banho. Demorei-me na banheira, estava exausta por não ter mais conseguido dormir e ficar tentando lembrar o rosto desconhecido que eu vi.
Desci para ver se já tinha algo pronto para comer. Fui até a cozinha para ver se os empregados já estavam ou já tinham preparado o café da manhã.
Quando cheguei estavam quase acabando. Ainda bem, porque minha barriga estava roncando de tanta fome e me desconcentrando de tudo.
Passei os olhos por cima da mesa. O cheiro estava delicioso. Se eu estivesse certa haviam acabado de fazer bolo de milho. Encostei-me na bancada da pia e fiquei olhando os empregados enquanto aguardava eles acabarem de por a mesa. Suspirei de tanto tédio. Lógico, desde ontem à noite minha cabeça não para por um minuto. Tentava lembrar os detalhes do pesadelo, mas só me lembrava da dor e agonia que senti. Era tão surreal, tão sem lógica que passei horas quebrando a cabeça.
Até que enfim meus pais desceram junto com a Jane. Sentei-me na cadeira enquanto os outros sentavam em seus lugares. Peguei o leite e o café. Coloquei em meu copo.
Estava tão distraída que nem se quer escutei quando me fizeram uma pergunta.
– Lizzie? Oi? Tem alguém ai? – olhei para Jane que me fitava com olhos curiosos.
– Sim! Desculpa, estou em outro mundo agora.
– Bom, perguntei se você está melhor?
– Estou sim.
– E por que ela não deveria está? – perguntou mamãe com ar de curiosidade.
– Lizzie teve um pesadelo ontem à noite.
– Sim, mas será que dá pra comermos em paz? Não quero falar disso agora – fiquei com a cara emburrada.
Pra que ela tinha que ter contado aquilo? Comi as pressas para poder me livrar das perguntas que minha mãe me fazia. Suspirei de alivio quando entrei em meu quarto. Terminei de colocar o básico na minha mala e a fechei. Chamei o empregado para vir pegar a mala, minha e da Jane.
Fiquei perambulando pelo jardim ate que meus pais acabassem de comer e fossem terminar o que tinham pra finalizar antes de viajar. Eu iria sentir falta do meu jardim, do cheiro das flores, dos pássaros cantando...era tão calmo ali. Sentei na pequena fonte que tinha no meio do jardim. Olhei para o céu querendo nem pensar no que ia agüentar dentro da carruagem.
Bom eu já estava acostumada aonde meus tios viviam. Não podemos chamar as pessoas que existem lá de pessoas “normais”. Existem pessoas cujos aspectos e modos de vida são diferentes dos nossos, meros humanos.
Não que lá você veja de tudo é apenas um caminho que leva a outro onde você pode encontrá-los uma vez ou outra. Desde alguns problemas, eles tem se escondido em seus mundos e em suas terras, cujo o medo prende a todos. Não sei bem o que houve, apenas sei o mínimo e isso foi a muitos anos atrás.
Nunca me deparei com um Orc, mas quem já viu disse que são feios e rabugentos. Para mim as mais belas criaturas são as fadas. Tão lindas e ao mesmo tempo vulneráveis. Só digo isto porque já vi uma. Elas não são pequenas como todos acham que são.
Elas andam entre nós e nem mesmo sabemos quem são, pois seus poderes nos fazem enxergar como um humano qualquer.
Ainda há os hobbits, os duendes, as ninfas, os gigantes e tantos outros que não daria para falar! Cada qual tem seu canto e se respeitam, mas nem sempre são amigáveis. Há aqueles que odeiam humanos ou fadas ou qualquer que seja outra criatura. Um dia meu pai me falou que há muito tempo atrás elfos e fadas andavam juntos, mas por alguma coisa que aconteceu se separaram.
Nunca vi um elfo, mas varias pessoas tentaram me descrever.
É dito que os Elfos têm uma aura como o brilho da Lua, logo abaixo da borda da Terra. Seus cabelos são como cordões de ouro ou tecidos de prata ou azeviche polido, e a luz de estrelas brilham ao redor deles, em seus cabelos, olhos, roupas e preciosas mãos.
São altos, belos, mágicos e hábeis. Sempre existe luz na face dos Elfos, e o som de suas vozes é variado e bonito, sutil como água, como uma canção que invade sua consciência. São seres que se comunicam com a natureza e pra variar são imortais.
Ainda tem aqueles que desistem da imortalidade para viver uma vida normal com uma humana ou apenas tem filhos com elas.
Esses são chamados de semi-elfos. Como uma pessoa pode desejar a mortalidade? Não entendo e nem desejo entender a cabeça de um elfo que desiste da imortalidade.
Comecei a mexer na água da fonte e fiquei olhando para meu reflexo nela. Argh...eu era tão comum. Olhei os fios de cabelos que balançavam junto com o vento e escutei Jane gritar por mim. Levantei meus olhos e lá estava ela, vindo em direção a mim.
- Vamos! Já esta tudo pronto. – ela estendeu a mão para pegar a minha.
Levantei e acompanhei-a onde a carruagem estava esperando.
Entrei e sentei na janela do lado direito da carruagem. Mamãe tagarelava sem parar falando dos Wilbors, que eles irão passar os dois meses conosco em um chalé perto da casa de nossos tios e que iríamos conhecer seus dois belos filhos. Ela ficou falando durante meia hora e ainda descreveu como os dois jovens eram.
Um se chama Bill e ele tem a mesma idade que eu, vinte anos. O mais novo é um ano mais novo que Jane, tem 15 anos.
Minha mãe é louca para que nos casemos logo. Principalmente eu e o que me da mais raiva é que ela fica idealizando o homem e o casamento perfeito pra mim. Umpf! Sinceramente isso me da muita raiva.
Olhei para fora da janela a fim de não mais escutar a voz de minha mãe. Vi minha cidade natal desaparecer conforme a carruagem ia se afastando, as flores naquela época do ano estavam florescendo e a floresta estava cheia de vida e cores que deslumbrava qualquer pessoa.
Jane pegou um livro e começou a ler. Encostei minha cabeça na parede da carruagem a fim de dormir já que não tinha dormido bem à noite.
Adormeci e fui acordada pelo meu pai dizendo que tínhamos chegado ao hotel onde íamos passar a noite. Desci ainda dormindo sem me tocar onde estávamos. Entrei e me sentei na primeira poltrona que vi enquanto meus pais arrumavam um quarto para nós. Depois de um tempo uma mulher baixa de cabelos um pouco grisalhos, pediu para que a seguíssemos.
Mostrou qual quarto seria o dos meus pais e em seguida mostrou o meu e de Jane. Entrei e me joguei na minha cama. A mulher nos disse que iria pedir pro empregado acender a lareira. Minhas pálpebras estavam tão pesadas que adormeci novamente. Naquela noite não sonhei.
Acordei com os pássaros cantando na arvore que tinha perto de nossa janela. Estava bem descansada e me levantei para tomar um banho.
Fui direto para o banheiro, assim que entrei me olhei no espelho.
Com certeza eu precisava de um banho. Depois de acabar o banho chamei Jane, pois já estava perto do desjejum. Fui ate o quarto de meus pais para ver se eles já tinham acordados. E lá estavam eles acabando de se arrumar.
Desci as escadas e fui procurar onde eles serviam o desjejum. Perguntei para a moça no balcão e ela me explicou onde era. O hotel era bem grande e com muita decoração. O lugar típico que minha mãe gosta de escolher.
Procurei uma mesa onde nós pudéssemos sentar. Achei uma mesa perto de uma janela que era bem grande. Fui até lá e me sentei a fim de esperar meus pais e minha irmã. Fiquei olhando as pessoas chegarem e tomar os lugares nas mesas redondas e grandes. Peguei uma rosa que tinha no vaso em cima da mesa onde estava. Fiquei brincando e tirando as pétalas para o tempo passar. Até que finalmente eles chegaram.
Meu pai chamou o garçom e cada um fez seu pedido. Pedi leite com café, duas torradas e uma salada de frutas. Depois de comermos fomos para nossos quartos pegar nossos pertences. O cocheiro trouxe a carruagem e seguimos viajem. Passando um pouco da hora do almoço chegamos a uma pequena cidade, paramos lá para comer e comprar algo para não ficarmos com fome no meio do caminho até o próximo hotel.
Eu e Jane fomos a uma loja de doces, eu necessitava de açúcar em meu sangue e compramos alguns biscoitos também. Seguimos viajem novamente depois de almoçarmos. Chegamos a outro hotel luxuoso que sempre que viajávamos para a casa de nosso tio, parávamos lá para dormir.
No dia seguinte iríamos chegar de madrugada na casa do Tio Wolf.
Jane já estava impaciente de ter que ficar mais um dia dentro da carruagem. Passamos horas conversando até que finalmente vimos às luzes da cidade onde Tio Wolf morava. Lá estava ela, a cidade de Belnyar.




                                Jane


Porque comigo? Eu mereço estar aqui? Não fiz nada para eles darem essa sentença a mim. Olhei com os olhos semi-abertos para fora da janela.
Lá estava Tio Wolf abrindo a porta da carruagem para nos desejar boas vindas. Ele continuava o mesmo, barbudo, grande e com olhar carinhoso e acolhedor, só que agora com um pouco de rugas perto dos olhos, naquelas expressões quando sorrimos.
– Sejam bem vindos meus queridos! – falou com um grande sorriso no rosto. Era visível a felicidade dele por estarmos ali.
– Meu irmão, há quanto tempo não é mesmo? Você não mudou nada! – falou papai sorridente.
– São os seus olhos Rodolfo. Eu engordei dois quilos desde que você esteve aqui e as rugas estão começando a nascer. E minhas meninas como estão? Devem estar muito cansadas, não?
– Eu estou morta de cansada. – respondeu minha mãe saindo às pressas da carruagem.

Eu e Lizzie descemos e demos um abraço em nosso tio e em nossa tia Christine. Ela nos levou ate a entrada da casa e nos mostrou a sala que tinha sido reformada em algumas coisas. A cor da parede agora era branca que combinava com o sofá da cor de um coração.
Ela sempre gostou de coisas que chamassem atenção. Os lustres foram trocados por lustres de cristais e era maior que o outro. Olhei para a janela, ela tinha colocado as tantas desejadas cortinas de veludo. Pra mim aquilo era meio brega, mas fazer o que se era o gosto dela. Teria que fazer meus olhos se acostumarem com aquilo. Ela logo nos levou para o quarto onde iríamos ficar. Estava impecavelmente lindo.
Ela sempre caprichava nas acomodações quando íamos para lá. Minha cama continuava a mesma. Joguei todo meu corpo em cima da cama. Estava muito cansada e com certeza Christine iria fazer mil perguntas. Logo fechei os olhos porque sinceramente não agüentava mais ficar acordada. Ouvi alguma coisa enquanto tentava dormir.
– Nossa! Como ela esta cansada. –parecia à voz da tia Christine.
– Sim a viajem foi cansativa. Eu mesma estou um horror.
– Então vou deixar vocês descansarem. Boa noite querida.
Ouvi a porta bater e mais nada. Na mesma hora dormir. Nem vi se minha irmã desfez as malas ou me chamou.
Só sei que dormir. Acordei sentindo o cheiro de biscoitos. Quando abri os olhos, em cima da mesinha que fica ao lado da minha cama tinha um prato cheio de biscoitos.
Provavelmente Christine tenha colocado ali. Levantei sentindo meu corpo rígido por ter dormido a noite toda na mesma posição. Peguei um biscoito e mordisquei um pouco ele. Era o meu favorito, com pedaços de chocolate. Isso me animou um pouco. Olhei para cama de Lizzie e ela não estava lá.
Tentei imaginar que horas eram, mas não fazia a mínima idéia. Levantei-me e fui para o banheiro tomar banho. Assim que terminei de me vestir, desci e fui procurar o povo que morava na casa. Fui ate a sala e não vi ninguém lá. Então comecei a ouvir vozes do lado de fora. Vinham da varanda. Comecei a andar em direção deles e lá estavam todos eles comendo e rindo. Provavelmente alguma piada daquelas que tio Wolf adora contar. Eram piadas sem sentindo, mas engraçadas e ficavam mais engraçadas por causa de seu riso. Assim que passei pela porta todos me olharam e começaram a rir. O que eu estava perdendo?  
– O que vocês estão falando de mim? – olhei com cara de acusação.
– Nada querida. É apenas por causa de sua cara de sono. – Falou o tio com um sorriso no rosto.
– Umpf! – bufei e sentei na cadeira ao lado da mamãe.
– Alguém acordou de mau humor hoje. – falou Lizzie segurando um riso que provavelmente eu não iria gostar.
– Não diga? Eu estou apenas de bem com a vida, olhando a cor das flores e desejando um ótimo dia aos passarinhos irritantes que me acordaram de madrugada! – sorri com sarcasmo.  
– Eita! Ta de mau humor mesmo.
– Ha! Nossa como você é inteligente.
– Calma Jane! Só falei por falar. – Lizzie abaixou a cabeça assim que terminou de falar.
– Meu Deus, Lizzie! Desculpa, mas você sabe como eu estou feliz de estar aqui.
         – Mas não precisa descontar em ninguém.
         – Mocinha seja mais educada. Estamos na casa do seu Tio então tenha mais respeito e não seja um desagrado. – falou mamãe com a voz cheia de raiva. Até vi sua veia na testa pular fora. Aquilo me fez querer rir, mas me contive.
– Ok! Vou ficar quieta.
Em seguida peguei um pedaço de bolo de milho e o café. Comecei a comer e tentar não me ligar nas conversas que estavam rolando ali. Minha barriga estava mesmo precisando de comida.
Peguei mais um pedaço de bolo e comi. Olhei o céu, que estava bem claro por sinal, desejando estar na casa da Heather. Argh...eu queria tanto sair dali e desaparecer.
Às vezes me dava vontade de chutar a cabeça de meus pais ou fazer uma lavagem cerebral pra colocar algo que preste nessas cabeças.   Estava observando o jardim que era exageradamente enorme, com vários tipos de rosas que nem sei o nome, só de algumas ate que me interromperam.      
– Jane querida, você vai querer ir ou não?- perguntou Tio Wolf    .
– Hã? Que? Não estava escutando o que vocês estavam falando. Desculpe.    
– Tudo bem. É que esse final de semana, um amigo meu vai da uma festa você que ir?        
– Lógico! Melhor do que não fazer nada. – Senti alguém chutando minha perna. – Ai!
– Menina teimosa!
– Não precisava me chutar Lizzie.
– Mas você foi grosseira com nosso tio.
– Umpf! Desculpa tio, estou de mau humor! – sorri sem sucesso
– Tudo bem Jane.
Dali em diante foi um furacão de conversas. Eu mal prestava atenção nos que eles falavam. Só falava algo quando me faziam alguma pergunta.
Eu estava totalmente lerda. Tava um caco. Eu estava era com vontade de fazer compras e cavalgar um pouco.   
Depois do tumulto de fofocas e conversas bestas, fui ao meu quarto pegar algum dinheiro para ir ao centro da cidade. Desci as escadas com um pouco de pressa que quase caia. Fui pega de surpresa pela Lizzie quando segurou meu braço.       
– Vai a onde sua louca?
– Comprar um vestido pra festa. Necessito de um pra festa nesse fim de semana. Eu me esqueci de comprar roupas novas e quero um vestido lindo onde faça minha beleza se destacar! – sorri gostando da idéia de deixar varias meninas com inveja.
– Hahahaha... – ela começou a rir e olhei para ela espantada.
– Que foi?
– Nada. Vou com você. Preciso de uma maquiagem nova, a minha esta pra acabar.
Então me sentei na cadeira que tinha perto da escada. Esperei pouco tempo. Lá vinha ela com um sorriso enorme na cara e a bolsa na mão.       Levantei-me e fomos ate a cozinha. Pedimos para empregada chamar o cocheiro, pois iríamos sair. Esperamos na porta da frente e algum tempo depois ele chegou com a carruagem pronta. Entramos e seguimos viagem.    Era mais ou menos de vinte minutos a meia hora até chegarmos ao centro. Lizzie olhava pela janela, observando a natureza. Quando ela estava daquele jeito ficava tão bonita. Sua pele era de um macio igual à de uma pétala de flor e branca como a neve. Seus cabelos eram de um marrom vivido. Liso até seu queixo e ondulava nas pontas. Seus olhos eram castanhos claros e aconchegantes.
Sorri e me lembrei quantas pessoas já nos disseram que éramos parecidas, mas eu não me achava nem digna de ser chamada de irmã dela.    Ela é tão linda, tão meiga, tão compreensiva... Totalmente o meu oposto! Eu posso ser ate meiga, mas não consigo ter a paciência que ela tem. Ela olhou para mim e sorriu. Retribui seu sorriso.
O caminho foi tranqüilo. Chegamos lá e só tinha algumas lojas abertas. Bom entrei na primeira loja de vestidos que vi. Olhei de relance pra uma fileira que tinha perto da porta de entrada e do lado dela tinha outra. Assim que fixei meus olhos em um vestido branco, me apaixonei por ele. Ele não era tão decotado e se soltava a partir da cintura com algumas pregas. Do jeito que eu gostava. O peguei e fui experimentar.      
Era perfeito pra mim. Não pensei duas vezes e o comprei. Lizzie falou que parecia ter sido feito só pra mim. Então procurei na loja ao lado um colar que combinasse com ele. Achei um perfeito com o cordão de ouro e o pingente de cristal com formato de uma estrela.     
Saímos da loja e paramos na ponta da calçada esperando duas carruagens passar, de repente vi só um vulto grande passando perto de mim e me derrubando na calçada. Cai de bunda no chão. Olhei e vi que era um rapaz montado em um cavalo. Olhei com raiva para a cara dele.
– Idiota!- sussurrei.
– Jane você está bem? – perguntou Lizzie meio atordoada.
– Estou! Só um idiota que não olha pra onde anda, deveria ao menos ser guiado por alguém ou ao menos precisa de óculos. – Lizzie me ajudou a levantar.   
Olhei para o garoto e vi que ele estava descendo do cavalo e vindo em direção a nós.        
– Desculpe-me. Eu estava com muita pressa e nem a tinha visto parada na ponta da calçada.     
– Bom ao menos foi interessante meu dialogo entre minha bunda e a calçada. – respondi e olhei furiosa para ele.
– Jane! –exclamou Lizzie. – Tudo bem rapaz não houve nada. Ela nem se quer se arranhou.  
– Tem certeza? – O garoto olhou ao meu redor pra ver se não tinha realmente me machucado.
– Estúpido. – sussurrei. Senti um beliscão em meu braço. – Ai!
– Ela está bem! Pode ir tranqüilo. – Lizzie me puxou pelo braço.
Olhei o rapaz sair com seu cavalo. Tive vontade de matá-lo ou  ao menos a chance de ter uma conversinha bem feia com ele.
Depois disso passeamos pela cidade, vendo os lugares que foram reformados desde a última vez que fomos lá. Chamamos o cocheiro e voltamos para casa. Falei um monte de coisas sobre o garoto que tinha me derrubado.  Lizzie estava já para pular no meu pescoço para calar minha boca.  Chegamos à casa do tio Wolf e já estava perto da hora do almoço.         Vimos um cavalo e uma carruagem na frente da casa. Provavelmente visitantes que iriam almoçar conosco. Ai que ótimo. Eu mereço.
Agora já basta minha família peculiar agora vou ter que agüentar outras pessoas. Bufei de raiva. Lizzie olhou para mim sem entender nada.    Mexi meus ombros como se também não entendesse nada. Descemos da carruagem e fomos direto para nosso quarto. Colocamos as compras em cima da cama e descemos para almoçar, porque a chata da nossa mãe já tava gritando por nós. Desci as escadas lentamente sem nenhuma pressa.      Assim que coloquei meus pés na sala, vi os convidados.         
– Minhas queridas. Finalmente chegaram. – disse mamãe com aquele ar bajulador. Ai tinha coisa.         
– Queridas esses são o Senhor E Sra. Wilbors. E aqueles são seus queridos filhos Bill e Lucas. – mostrando quem era quem.        
Olhei para os meninos. Lucas nos cumprimentou logo, mas o outro que estava perto da janela se virou e veio ate nós.
Olá! Prazer em conhecê-las.
Oh não! NÃO PODE SER! – olhei com os olhos arregalados para o menino que tinha me derrubado com o cavalo. 
É você quem eu derrubei na calçada. Que mundo pequeno esse. – falou Bill com um sorriso no rosto. 
Eu mereço! – bufei de tanta raiva. Minha mãe me olhou com a cara de quem ia me matar depois. Ele olhou pra mim e começou a rir. Como esse idiota ta rindo?
– Isso é humilhante querida! Trate bem ao moço, ele é nosso visitante. Revirei os olhos em quanto ela dava um sermão daqueles.
Todos ocuparam seus lugares na sala e começaram a conversar.   Falavam principalmente da festa que iria ocorrer esse fim de semana.         Minha mãe estava radiante em saber alguns detalhes da festa. Depois de alguns minutos muito mal aproveitados naquela sala, a empregada chamou a todos informando que o almoço já estava pronto e a mesa estava posta. Todos se levantaram em direção à sala de estar.       
Levantei-me e acompanhei minha irmã que estava perto de mim. Sentei quase na cadeira que ficava perto da ponta da mesa. Lizzie sentou-se ao meu lado, vendo que eu não estava à vontade ali começou a conversar comigo. Os empregados começaram a servir o almoço. Meu tio começou a conversar novamente, mas agora falava da festa que iria dar. Ele estava querendo fazer um baile de mascaras.      
 Essa idéia me agradou. Sempre gostei de baile de mascaras.         Comecei a comer assim que fui servida. Todos continuavam conversando até mesmo comendo. Senti que alguém me olhava, olhei para meu tio que estava na ponta da mesa e vi que Bill estava me observando.         Na mesma hora girei a cabeça para o outro lado tentando escapar de seu olhar. Olhei para meu prato e coloquei mais uma colherada da comida em minha boca.     
Olhei pelo canto dos olhos e percebi que ele não desgrudava os olhos de mim. Então decidi encará-lo. Levantei meus olhos e o encarei.      
Notei em seu olhar uma certa curiosidade. Como se ele estudasse tudo o que eu fazia. Ele deu um sorriso. Era um sorriso caloroso que chegava até seus olhos. Fiquei indignada querendo saber o que tanto ele pensava de mim. Em nenhum momento eu desviei meus olhos dos seus, permaneci sustentando seu olhar. Até que Lizzie chamou minha atenção.  – Jane?        
– Que foi? – olhei pra ela quase pra bater nela por tirar de minha concentração.
– Bom o que você tanto olha pro Bill? –cochichou ela para ninguém ouvir.
– Nada! Ele só ta me encarando então resolvi encará-lo também!
– Ah! – falou segurando um riso.
Assim que terminei de comer. Pedi licença e fui para o jardim caminhar um pouco. Precisava afastar pensamentos ruins que tive hoje.     Comecei a andar por uma trilha pequena que dava acesso a uma lagoa pequena. Chegando lá me deitei na grama e olhei para as nuvens.         Nem tinha percebido que o céu estava maravilhoso naquele dia.   Fechei meus olhos por alguns minutos. Escutei passos vindos em minha direção. Abri meus olhos, sentei e olhei ao meu redor. Quando vi quem era que estava se aproximando de mim, logo quis me levantar e ir embora. Assim que levantei, Bill segurou meu braço. 
– Pra onde vai? Ta saindo por que cheguei?     
– É meio lógico, pense por um segundo! Ah esqueci você não pensa!– ele me fitou com olhos incrédulos. Sua expressão ficou seria.     
– O que te fiz pra você ter tanta raiva de mim? 
– Nada! É apenas meu mau humor que ajuda tudo. Agora pode me fazer um favor?
– Sim!       
– Solta meu braço. – fiz uma careta.        
– Ah sim! Desculpa, mas fica aqui. Está uma tarde tão linda. – olhei para ele incrédula. Eu já não tinha deixado bem claro que não gostava da presença dele?
– É que tenho coisas pra fazer lá na casa do meu tio. 
– Que tipo de coisas? Ou você apenas está tentando escapar de mim?– ele me olhava com curiosidade. 
– Não...bom...err...ok! Não tenho nada pra fazer, apenas estou querendo ficar sozinha.        
– Mas por quê?  
– Porque eu não queria vim pra cá nas férias. Eu já tinha combinado com uma amiga minha de ir pra casa do campo dela, mas daí meus pais surtaram. E eu acabei vindo pra cá sem querer. – me senti aliviada em colocar tudo aquilo pra fora, mesmo que fosse com o idiota que me derrubou na calçada. 
– Nossa! Calma, você vai acabar gostando daqui. Seus tios estão arrumando coisas pra gente fazer. – ele sentou na grama e olhou para o pequeno lago.   
– Como assim “a gente”?      
– É que já que nós vamos ficar aqui também, eles querem que todos nós nos divertíssemos.     
– Perai, eu entendi errado ou você vai ficar aqui na casa do meu tio também? – olhei espantada pra ele.
– Sim! A casa que tínhamos alugado não deu certo. Houve uns problemas.
– Eu não acredito. – fiquei sem saber o que fazer. Meu Deus agüentar ele todos os dias dessas férias? Ninguém merece.
– Que foi?
– Nada. – me sentei na grama querendo que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo, fechei os olhos e respirei pesadamente.    
Ficamos ali por um bom tempo sem falar nada. Apenas olhando a lagoa, os pássaros que pousavam na água e o sol que se dissipava com o passar das horas. Senti seus olhos me observando.        
Olhei pelo canto dos meus olhos e ele continuava olhando. Acabei olhando e ele desviou seus olhos de mim. Senti uma ponta de curiosidade, queria saber o que tanto ele olhava pra mim. Abri e fechei minha boca uma quatro vezes, lutando se eu falava ou não alguma coisa. Aquele silêncio estava me matando e já estava virando um absurdo. Então eu decidi falar.        
– O que tanto você pensa? – perguntei já que a curiosidade estava me matando.
– Bom, eu estava pensando no baile e.... – ele vacilou e se calou
– E? – tentei incentivá-lo a continuar.
– No que você estava pensando. – vi as maçãs de sua bochecha ganhar um pouco de cor. Eu ri um pouco alto e histericamente.
– Que foi? – ele me perguntou meio atordoado.
– Nada! Só pensei a mesma coisa, no que você pensava tanto. – comecei a rir e ele também. Ficamos ali rindo um pouco de nós mesmo. Olhei para o céu e vi que já estava ficando tarde. Levantei-me um pouco endurecida por causa de ter ficado tanto tempo sentada ali sem se mexer. Ele olhou para mim.    
– Vai pra onde?  
– Já está ficando tarde, daqui a pouco vão sair procurando por nós e eu não quero mais encrenca e discussões longas da minha mãe dizendo o quão sou irresponsável.
– Ok! – Ele se levantou e veio ficar ao meu lado. Ele estendeu o braço pra mim. – Vamos?
Olhei incrédula pro seu braço estendido, mas coloquei o meu em volta do seu com um pouco de relutância.     
– Vamos!- falei concordando com ele. Começamos a andar até a casa do tio Wolf. Ambos em silêncio.
O único som que eu ouvia era o barulho que nossos pés faziam quando tocavam o chão cheio de folhas. Olhei para grande mansão com traços antigos e a tintura um pouco afetada por causa do tempo. A última vez que essa casa foi pintada, eu tinha dez anos. Até ajudei aos pintores a pintar algumas partes da casa. Tio Wolf tinha até mandado pintar da minha cor favorita a casa da árvore que ele fez para Lizzie e eu. Tio Wolf só tivera um filho e esse está casado já faz um ano.   
Ângelo sempre fora mimado demais pelos pais. E meu tio sabe que fez errado porque agora ele não sabe dar valor as coisas importantes da vida. Já estávamos chegando perto da escadaria que tinha na frente da casa, então soltei seu braço e segui na frente dele um pouco mais rápido.

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